Taxas futuras de juros avançam com reprecificação da política monetária e receios com cenário fiscal

Publicado 12.12.2024, 16:53
Atualizado 12.12.2024, 16:55
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado
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SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) avançaram de forma acentuada nesta quinta-feira, registrando altas de mais de 40 pontos-base para alguns vencimentos, à medida que o mercado reprecificava as projeções para a política monetária após a decisão do Copom na véspera e ponderava sobre a trajetória das contas públicas brasileiras.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 14,67%, em alta de 41 pontos-base ante 14,257% no ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 14,755%, ante o ajuste anterior de 14,484%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,93%, ante 13,823% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,7%, ante 13,615% na véspera.

Investidores digeriram nesta sessão a decisão do Comitê de Política Monetária de elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, na véspera, com os membros indicando ainda mais duas altas da mesma magnitude nas duas próximas reuniões.

O aumento de 1 ponto era esperado pelo mercado de juros, que precificava 70% de chance de tal movimento na quarta-feira, mas o "guidance" para as duas próximas reuniões pegou os agentes financeiros de surpresa, uma vez que o Copom não vinha apresentando sinalizações sobre decisões futuras.

Com isso, as taxas para contratos de curto prazo -- que normalmente refletem as expectativas sobre a política monetária -- dispararam.

"Se você perguntasse pra alguém três semanas atrás, ninguém consideraria três altas seguidas de 1 ponto. A sinalização busca resgatar parte da credibilidade. Sabemos que uma política econômica contracionista agrada o mercado neste momento", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

No longo prazo, no entanto, os investidores pareciam ainda estar muito atentos ao cenário fiscal, onde têm predominado dúvidas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas.

Nesse ponto, um analista ouvido pela Reuters apontou que o foco do mercado estava mais voltado para o noticiário político do que para os fundamentos econômicos, uma vez que iniciativas do governo para a contenção dos gastos seguem travadas no Congresso.

O estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi um elemento importante. Ao permanecer no hospital após realizar uma cirurgia para drenar um hematoma no crânio, o chefe do Executivo se encontra longe das articulações pelo avanço do pacote fiscal, o que trava a tramitação.

"Ninguém sabe se o pacote fiscal vai andar ou não, porque isso junta com a questão da hospitalização do presidente. O sentimento hoje é bem ruim", disse Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos

Por outro lado, a sinalização dos médicos de Lula de que seu quadro de saúde continua estável estaria derrubando expectativas criadas por alguns investidores de que a hospitalização poderia afastar as chances de reeleição do presidente, o que abriria espaço para um nome mais alinhado ao mercado.

Dessa forma, o sentimento no geral sobre o cenário fiscal era bastante negativo, tanto para o curto quanto para o longo prazo, levantando alertas sobre a possibilidade de dominância fiscal -- quando o descontrole das contas públicas faz com que a política de juros perca a eficácia.

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"Não sei se a gente está em dominância fiscal, mas estamos experimentando essa sensação, estamos na 'antessala' da dominância. Se o mercado comprar essa ideia, a situação vai ficar difícil", disse Espirito Santo.

Ele reconheceu, no entanto, que o panorama desta sessão foi "bem difícil de explicar".

 

(Por Fernando Cardoso)

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