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Taxas futuras de juros disparam com alta de Treasuries, Caged forte e proteção antes do Fed

Publicado 30.04.2024, 16:49
© Reuters. Moedas de R$1
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em forte alta, superior a 20 pontos-base em alguns vencimentos, reagindo ao avanço dos yields dos Treasuries após dados fortes dos EUA, aos números acima do esperado do emprego brasileiro e à busca por proteção antes da decisão sobre juros do Federal Reserve na quarta, quando será feriado no Brasil.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,31%, ante 10,158% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,625%, ante 10,394% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,975%, ante 10,761%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,285%, ante 11,082%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,75%, ante 11,564%.

A curva de juros brasileira encontrou nesta terça-feira uma série de motivos para abrir.

Em primeiro lugar, às 9h30 os yields dos títulos norte-americanos tiveram forte impulso com a divulgação do Índice de Custo de Emprego (ECI, na sigla em inglês), a medida mais ampla dos custos de mão de obra no país, que aumentou 1,2% no último trimestre, após uma alta não revisada de 0,9% no quarto trimestre. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 1,0%.

O dado de custos -- que geralmente não repercute com tanta intensidade nos Treasuries -- desta vez fez preço em função da expectativa antes da reunião de política monetária do Fed, na quarta-feira. O número reforçou apostas de que o Fed cortará juros apenas mais à frente, talvez apenas em novembro.

“O dado (do ECI) estragou lá fora. Aí veio o Caged forte no Brasil”, comentou o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, ao justificar a disparada das taxas dos DIs no Brasil.

Também às 9h30 o Ministério do Trabalho e Emprego informou que, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil abriu 244.315 vagas formais de trabalho em março, resultado bem acima da expectativa apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 188.000 empregos.

Mais cedo, às 9h, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia informado que a taxa de desemprego no Brasil encerrou o primeiro trimestre a 7,9% -- a menor já registrada para um trimestre encerrado em março desde 2014, quando foi de 7,2%. Economistas esperavam por um percentual de 8,1%.

“Tanto o Caged quanto a Pnad (do IBGE) vieram acima do esperado. Isso dá a percepção de maior robustez da atividade, o que exige mais juros”, avaliou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

“Além disso, há uma ansiedade antes do Fed... Ninguém quer dormir comprado (em título, vendido em taxa) e fazer o ajuste apenas na quinta-feira, após o feriado no Brasil. Então (o investidor) faz o ajuste agora”, acrescentou.

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2026 atingiu o pico da sessão, de 10,645%, às 16h15, com alta de 25 pontos-base.

Mais do que a decisão em si do Fed, que deve manter a taxa de referência na faixa de 5,25% a 5,50%, os investidores em todo o mundo estarão atentos nesta quarta-feira ao discurso do chair do Fed, Jerome Powell, em busca de pistas sobre quando começará o corte de juros nos EUA.

No Brasil a diferença é que, em função do feriado do Dia do Trabalho, a repercussão sobre os ativos será apenas na quinta-feira.

Com o movimento desta terça, porém, o mercado se posicionou ainda mais no sentido de que o Banco Central cortará a taxa básica Selic em apenas 25 pontos-base na próxima semana. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Perto do fechamento a precificação da curva estava em 96% de probabilidade de corte de 25 pontos-base e 4% para corte de 50 pontos-base. Em comunicações anteriores, antes da piora recente do cenário, o BC havia estabelecido um "forward guidance" de corte de 50 pontos-base no próximo encontro. Na semana passada, no entanto, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que o aumento das incertezas impede a autarquia de oferecer uma orientação futura.

© Reuters. Moedas de R$1
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

Internamente o mercado também seguiu cauteloso nesta terça-feira em relação ao equilíbrio fiscal do governo, o que favorecia a abertura da curva.

A senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), relatora do projeto de lei que reformula o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), indicou que pretende incorporar ao texto a correção pela inflação do teto negociado com o governo, de 15 bilhões de reais, para o montante de incentivos do programa entre abril de 2024 e dezembro de 2026. Na prática, isso pode significar mais despesas para o governo.

No exterior, as taxas dos Treasuries seguiam em alta nesta tarde. Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 7 pontos-base, a 4,686%.

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