Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer pretende manter a atual diretoria da Petrobras (SA:PETR4), em um sinal para o mercado de que o governo não vai alterar o rumo da empresa, e espera a decisão do Conselho de Administração da empresa, que está reunido no Rio de Janeiro, para tomar uma decisão sobre um eventual substituto de Pedro Parente, disse à Reuters uma fonte palaciana.
Temer, segundo a fonte, ainda não decidiu se manterá um interino no lugar de Parente ou se poderá já nesta sexta-feira apontar um nome definitivo. Mesmo que o presidente faça essa indicação nesta sexta, ela ainda terá que ser aprovada pelo Conselho de Administração da estatal.
De acordo com a fonte, Temer não esperava o pedido de demissão do presidente da Petrobras quando Parente solicitou a audiência para esta sexta-feira. Apesar de alguns boatos, não houve um sinal prévio de que Parente queria sair do cargo.
“Da parte do governo não houve nenhum movimento pela saída dele, ao contrário. Tanto que toda negociação na questão do diesel foi feita de modo a preservar as marcas da gestão dele”, disse a fonte.
Na quarta-feira, um ministro próximo ao presidente garantira à Reuters que Parente estava “firmíssimo” no cargo e que também não acreditava que ele pediria demissão em meio a uma crise.
A preocupação do Planalto agora é passar a ideia de que, mesmo com a saída de Parente, a independência da Petrobras será mantida, assim como sua política.
De acordo com a fonte, os dois nomes que já surgiram como possíveis substitutos --Solange Guedes, diretora de exploração e produção, e Ivan Monteiro, diretor da área financeira e relacionamento com investidores-- teriam saído do próprio Conselho Administrativo da Petrobras, mas podem ser sim considerados.
“São dois nomes extremamente qualificados, que têm respaldo e significam continuidade. Não haverá ruptura na política” disse a fonte.
O encontro entre Temer e Parente durou cerca de 20 minutos. A fonte contou que o presidente da Petrobras parecia tenso e chegou com a carta de demissão pronta. Apesar de lamentar a decisão, Temer não tentou dissuadi-lo porque Parente teria apresentado sua decisão como irrevogável.