Investing.com – Os rendimentos reais dos títulos do governo americano seguem em alta e mais do que dobraram desde suas mínimas após a crise bancária em março. Entre eles, o rendimento real das notas do Tesouro de 2 anos (TIPS) indexadas à inflação do mercado americano apresentou elevação de 1,5% para 3%. Já as TIPS de 5 anos e 10 anos passaram de 1% para 2,2% e 1,9%, respectivamente. De acordo com o banco suíço Julius Baer, o movimento reflete “a tempestade perfeita”. O banco orienta fixar os rendimentos dos títulos reais com títulos de qualidade de prazo mais longo e espera uma “consolidação do mercado de Treasuries dos EUA até que o Fed dê novos rumos na conferência de Jackson Hole”.
Segundo o Julius Baer, a alta nos rendimentos do Tesouro americano reflete pressupostos de crescimento “excessivamente otimistas e temores de oferta que não compartilhamos”.
No entendimento do banco, entre os motivos para recordes pós-Lehman, estão a resiliência da economia americana, “confundindo as expectativas de que taxas mais altas desacelerariam a atividade imobiliária, o consumo e os gastos de capital”, aponta Markus Allenspach, chefe de pesquisa de renda fixa do Julius Baer.
Além disso, os bancos centrais estrangeiros diminuíram suas participações no Tesouro dos EUA, elevando o excesso de oferta. Ainda, surge o debate a respeito do aumento da produtividade a partir do uso da inteligência artificial, o que pode levar a um nível de taxa de juros real neutra maior.
“Nem todos esses argumentos podem ser rejeitados facilmente. Nossos economistas compartilham a opinião sobre o componente de taxa natural de longo prazo e melhores perspectivas de crescimento e, portanto, moderaram sua opinião sobre os cortes de juros do Fed no próximo ano. Dito isso, a maior parte da oferta de títulos do Tesouro dos EUA para o atual ano fiscal já passou”, ressalta ao banco.