Por Michel Rose e Rania El Gamal
PARIS/DUBAI (Reuters) - A francesa Total tornou-se a primeira petroleira a renovar uma concessão de 40 anos de um conjunto de campos em terra em Abu Dhabi, colocando seus pares sob pressão para melhorar as condições após declaração do parceiro local de que a empresa francesa fez a melhor oferta.
A estatal Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc) assinou um acordo nesta quinta-feira com a Total dando à empresa uma participação de 10 por cento na nova concessão para ajudar a operar os maiores campos de petróleo dos Emirados Árabes Unidos.
Nove empresas asiáticas e ocidentais concorrem por participações na concessão Abu Dhabi Company for Onshore Oil Operations (ADCO), após o fim do contrato com as grandes petrolíferas ocidentais, que remontam à década de 1970, em janeiro de 2014.
Quatro grandes petrolíferas --ExxonMobil, Shell, Total e BP-- tinham parcela de 9,5 por cento cada uma na concessão ADCO desde os anos 1970.
Depois que o acordo expirou, no ano passado, a Adnoc ficou com 100 por cento da concessão, enquanto líderes políticos em Abu Dhabi ponderavam se trariam empresas asiáticas ou ficavam com velhos parceiros, disseram fontes da indústria e diplomáticas.
Shell, Total e BP fizeram novas propostas, enquanto a Exxon decidiu não participar, disseram fontes à Reuters.
A concessão assinada com a Total tem início em 1º de janeiro de 2015 e abrange os 15 principais campos de petróleo em terra de Abu Dhabi, que representam mais de metade da produção do emirado do Golfo.
"A Total tem a honra de ser a primeira empresa internacional de petróleo a ser escolhida... e de receber a missão de líder técnico em dois grandes grupos de campos", afirmou o diretor-executivo Patrick Pouyanne, em um comunicado.
A Adnoc disse em um comunicado que a Total "apresentou as melhores propostas técnicas e comerciais". Mais empresas serão adicionadas à concessão em breve, disse a Adnoc.
Uma porta-voz da Total disse que a margem da empresa no negócio era melhor do que na concessão anterior, embora os detalhes comerciais não possam ser divulgados.
Um porta-voz da Shell disse que a empresa recebeu uma proposta da Adnoc sobre a licitação para a concessão em terra, sem dar mais detalhes. A BP não quis comentar.
Uma fonte da Adnoc disse à Reuters que a empresa está negociando separadamente com outras empresas para colocar as demais ofertas em linha com a da Total.
"Shell e BP também pode obter uma participação de 10 por cento cada um, como a Total,", disse a fonte da Adnoc, acrescentando que a Korea National Oil Corp poderia ter uma parcela de 5 por cento, se concordar com os termos do acordo. Ele não entrou em detalhes sobre os 5 por cento de participação remanescente.
Os campos produzem 1,6 milhão de barris por dia (bpd) e podem chegar a 1,8 milhão de bpd a partir de 2017.
(Reportagem adicional de Stanley Carvalho, em Abu Dhabi, Gus Trompiz, em Paris, e Osamu Tsukimori, em Tóquio)