Por Christina Amann e Christoph Steitz
HANOVER, Alemanha (Reuters) - Líderes sindicais ameaçaram realizar greves na Volkswagen (ETR:VOWG) nesta quarta-feira, enquanto as partes iniciam negociações salariais que provavelmente determinarão como a maior montadora da Europa buscará demissões e o fechamento de fábricas na Alemanha.
As tensões na gigante automobilística estão altas, pois a possibilidade de fechamento de fábricas -- que seria o primeiro da empresa na Alemanha -- coloca a companhia em rota de colisão com o poderoso sindicato IG Metall.
O IG Metall também precisa negociar novos acordos trabalhistas para os 130.000 trabalhadores da marca VW na Alemanha, após o grupo ter encerrado, este mês, acordos que protegiam os empregos em seis de suas fábricas no oeste da Alemanha desde meados da década de 1990.
O sindicato tem ameaçado realizar greves a partir do início de dezembro e está exigindo um aumento salarial de 7%.
"Um bom pastor cuida de suas ovelhas e as mantém unidas. O pastor da Volkswagen está ameaçando arrancar a pele de seus corpos e depois jogá-los em um furacão", disse Thorsten Groeger, principal negociador do IG Metall com a Volkswagen, a trabalhadores do lado de fora do local das negociações.
Alguns dos mais de 3.000 trabalhadores que se encontravam do lado de fora do local seguravam cartazes dizendo: "falta de trabalhadores qualificados na diretoria -- estamos procurando especialistas". Outros acendiam sinalizadores e um estava vestido de ceifador.
A Volkswagen argumenta que os altos custos de energia e mão de obra na Alemanha a colocam em desvantagem em relação a concorrentes europeus e rivais chineses, que miram uma fatia significativa do mercado de veículos elétricos da região.
Reforçando essa mensagem no início das negociações, o chefe de pessoal da marca VW afirmou que a divisão precisa cortar custos para se manter competitiva.
Outras montadoras alemãs também estão sentindo a pressão, com a Mercedes-Benz e a BMW cortando suas previsões de lucro nas últimas semanas devido à fraca demanda na China.
Groeger, do sindicato IG Metall, reconheceu que a empresa enfrenta grandes desafios, mas afirmou que o sucesso da Volkswagen ao longo das décadas foi baseado na resolução de problemas com os funcionários, e não na confrontação.
(Reportagem de Christina Amann)