SÃO PAULO (Reuters) - Após anos de licitações de novos projetos que atraíram pouco interesse do mercado e com uma série de obras com enormes atrasos, a transmissão de energia virou um gargalo para o setor elétrico do Brasil, mas ao mesmo tempo abriu oportunidades para as empresas que investem no segmento, disse nesta quarta-feira o presidente da elétrica Taesa.
A companhia, controlada pela mineira Cemig (SA:CMIG4) e pelo fundo Coliseu, arrematou quatro lotes em um leilão de concessões de novas linhas de transmissão realizado no final de outubro pelo governo, o primeiro desde 2012 a registrar forte interesse dos investidores e disputa pelos empreendimentos ofertados.
O melhor resultado veio após o governo elevar as receitas e a taxa de retorno das concessões justamente para evitar novos leilões desertos, que ao longo dos últimos anos atrasaram a implementação de diversas linhas.
O esforço por melhores resultados nas licitações veio ainda em um momento em que 62 por cento das obras de transmissão em andamento no Brasil estão atrasadas, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em meio às dificuldades para viabilizar esses empreendimentos nos últimos anos, o governo prevê realizar duas ou três novas licitações de projetos do setor em 2017, sendo que somente o primeiro deverá envolver linhas que demandarão cerca de 12 bilhões de reais.
"Estamos vendo o setor hoje com muitas oportunidades e tenho certeza de que vamos aproveitá-las. Transmissão é hoje o gargalo do setor elétrico, e estamos nos preparando para aproveitar toda nossa capacidade de investimento", disse o presidente da Taesa, João Procópio, em teleconferência com acionistas nesta quarta-feira.
Ele afirmou que a companhia está se preparando para os próximos leilões e irá também avaliar eventuais oportunidades de fusões ou aquisições.
"É uma forma muito adequada para a Taesa no crescimento. Tudo depende de retorno. Continuamos estudando e com capacidade de fazer", disse o executivo.
A Taesa fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de 218 milhões de reais, alta de 36,8 por cento na comparação anual.
As linhas arrematadas pela companhia no leilão de outubro demandarão cerca de 1,6 bilhão de reais em investimentos.
(Por Luciano Costa)