Investing.com — A possibilidade de os rendimentos dos títulos do tesouro americano (Treasuries) atingirem cerca de 5%, após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial, pode impactar o mercado de ações, segundo analistas do JPMorgan Chase (NYSE:JPM).
Após o resultado eleitoral da última semana, o rendimento do título de 10 anos, referência no mercado americano, subiu. Normalmente, os rendimentos dos Treasuries têm uma relação inversa com seus preços.
O aumento foi atribuído a preocupações de que os planos republicanos de cortes amplos de impostos possam ampliar ainda mais o déficit fiscal dos EUA, o que levaria o governo a emitir mais títulos para financiar a dívida.
Outro ponto de atenção é a possibilidade de que as políticas de Trump aumentem a inflação, reduzindo o ritmo de cortes de juros pelo Federal Reserve. A força da economia e a resiliência do mercado de trabalho também são apontadas como fatores que podem fazer o Fed adotar uma postura menos agressiva na redução dos custos de empréstimos no futuro.
No final da semana passada, os rendimentos dos títulos de 10 anos recuaram ligeiramente do salto pós-eleitoral, após o Fed reduzir os juros em 0,25 ponto percentual. O presidente do Fed, Jerome Powell, comentou que os formuladores de política monetária estão monitorando o aumento dos rendimentos dos Treasuries, afirmando: "as coisas estão se movendo, e veremos onde irão se estabilizar."
Na sexta-feira, o rendimento do título de 10 anos estava em cerca de 4,31%. Na segunda-feira, o mercado de títulos estará fechado em razão do feriado do Dia do Veterano.
Em nota aos clientes, os analistas do JPMorgan liderados por Mislav Matejka afirmaram que o comportamento do mercado de títulos — especialmente uma nova alta nos rendimentos — será um fator crucial para a sustentabilidade do rali pós-eleitoral nas ações.
Eles lembraram que os rendimentos dos Treasuries também subiram após a vitória de Trump em 2016, mas o déficit fiscal naquela época era "menos da metade do atual". Dados do Departamento do Tesouro mostram que o déficit nacional dos EUA ultrapassou US$ 1,8 trilhão no ano fiscal de 2024, o terceiro maior da história.
"Achamos que, com rendimentos perto de 5%, o impacto sobre as avaliações de ações começa a mudar. Em vez de positivo e reflacionário, ele passa a levantar preocupações sobre a sustentabilidade do ciclo de alta e o risco crescente de eventos adversos", concluíram os analistas.