Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente-executivo do Banco do Brasil (SA:BBAS3), Paulo Caffarelli, disse nesta sexta-feira que uma tributação sobre Letras de Crédito Imobiliário (LCI) pode impactar mais fortemente o financiamento habitacional do banco.
"As LCIs representam cerca de 40 por cento dos nossos recursos para financiamento imobiliário", disse Caffarelli a jornalistas durante evento do setor em São Paulo.
Nos últimos dias a mídia tem veiculado que o governo federal estuda acabar com a isenção de Imposto de Renda para investimentos de pessoas físicas em Letras de Crédito Rural (LCA) e em LCI, como forma de ampliar a arrecadação em meio a esforços para conter a déficit fiscal.
Segundo maior concessor de crédito imobiliário do país, o BB tem uma condição distinta da líder Caixa Econômica Federal que, além do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), destina praticamente todos os recursos da caderneta de poupança para habitação.
O BB, ao contrário, empenha 90 por cento dos depósitos da poupança para empréstimos agrícolas. Com isso, tem que buscar linhas alternativas para lastrear o financiamento imobiliário, como a LCI.
Segundo o diretor de Empréstimos e Financiamentos do BB, Edson Pascoal Cardozo, o banco pode compensar eventuais perdas de funding, se a LCI tornar-se mesmo um instrumento menos atrativo para o investidor, com outro tipo de instrumento de captação no mercado, a Letra Imobiliária Garantida (LIG).
Especialistas do mercado acreditam que o ciclo de cortes da Selic, que na semana passada caiu para 9,25 por cento ao ano, deve permitir a decolagem da LIG, instrumento que está em fase de regulamentação pelo Banco Central e que também deve ser isento de IR.