NOVA YORK (Reuters) - Um juiz federal dos Estados Unidos considerou nesta quarta-feira que Donald Trump é responsável por difamar a escritora E. Jean Carroll ao negar, em 2019, que ele a estuprou, e disse que os jurados decidirão apenas quanto o ex-presidente norte-americano deve pagar em indenizações.
A decisão do juiz distrital Lewis Kaplan, de Manhattan, ocorre antes de um julgamento civil agendado para o dia 15 de janeiro de 2024, após um júri em maio ordenar que Trump pague a Carroll 5 milhões de dólares por agressão sexual e por uma acusação separada de difamação.
O júri “considerou e decidiu questões que são comuns a ambos os casos”, e o seu veredicto e os fatos indiscutíveis “estabelecem que as declarações do Sr. Trump em 2019 foram feitas com má-fé”, escreveu Kaplan na decisão.
Trump recorreu do veredito do júri de 9 de maio, assim como da recusa de Kaplan em 29 de junho em rejeitar o processo atual, no Tribunal de Recursos do 2º Circuito dos EUA, em Manhattan.
Separadamente, ele também se declarou inocente de quatro acusações criminais federais e estaduais distintas, duas delas por tentativa de reverter sua derrota nas eleições de 2020.
Apesar das acusações, Trump, de 77 anos, tem uma liderança dominante na disputa pela nomeação presidencial republicana de 2024.
Ex-colunista da revista Elle, Carroll, de 79 anos, está pedindo mais de 10 milhões de dólares em indenizações pela negação de Trump, em junho de 2019, de que ele a estuprou no provador de uma loja de departamentos Bergdorf Goodman, em Manhattan, em meados da década de 1990.
Trump afirmou que nunca conheceu Carroll e que ela inventou o episódio para aumentar as vendas de seu livro de memórias, dizendo que a obra "deveria ser vendida na seção de ficção" e que era "uma vergonha absoluta ela ter permissão para fazer isso".
Na decisão de 25 páginas, Kaplan disse que o veredito do júri em 9 de maio eliminou a necessidade de rejulgar o suposto abuso sexual.
Kaplan também disse que o veredito impediu Trump de argumentar que as suas declarações de junho de 2019, semelhantes às de outubro de 2022, não eram difamatórias.
O juiz também rejeitou a alegação de Trump de que o veredito anterior implicaria na redução das indenizações reduzidas.
Carroll argumentou que a primeira difamação de Trump lhe causou mais danos, inclusive à sua reputação, do que a segunda.
Roberta Kaplan, advogada de Carroll, disse que aguardava ansiosamente o julgamento de 15 de janeiro. Ela e o juiz não são parentes.
(Reportagem de Jonathan Stempel em Nova York)