ISTAMBUL (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse neste domingo que Ancara está trabalhando duro para estender uma iniciativa apoiada pela ONU que permitiu à Ucrânia exportar grãos de portos bloqueados pela Rússia após sua invasão.
A Iniciativa de Grãos do Mar Negro intermediada pelas Nações Unidas e pela Turquia em julho passado permitiu que grãos fossem exportados de três portos ucranianos. O acordo foi prorrogado em novembro e expirará em 18 de março, a menos que uma extensão seja acordada.
A Rússia sinalizou que está insatisfeita com aspectos do acordo.
"Estamos trabalhando duro para uma implementação suave e uma maior extensão do acordo de grãos do Mar Negro", disse Cavusoglu em um discurso na Conferência das Nações Unidas sobre os Países Menos Desenvolvidos, realizada em Doha, Catar.
A Rússia disse que só concordaria em estender o acordo de grãos do Mar Negro se os interesses de seus próprios produtores agrícolas fossem levados em consideração.
Neste domingo, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, reiterou essa posição.
"Se este acordo for equilibrado, então sempre cumprimos nossa parte e vamos cumpri-la em todos os acordos", disse ela de acordo com a agência de notícias TASS, acrescentando que a Rússia seria contra "incitações e maquinações".
As exportações agrícolas da Rússia não foram explicitamente alvo de sanções ocidentais, mas Moscou diz que as restrições aos seus pagamentos, logística e indústrias de seguros são uma "barreira" para que seja capaz de exportar seus próprios grãos e fertilizantes.
Cavusoglu disse que também discutiu sobre esforços para discutir a extensão do acordo com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Quase 23 milhões de toneladas de grãos e outros alimentos foram exportados por meio da Iniciativa de Grãos do Mar Negro até 3 de março, de acordo com o Centro de Coordenação Conjunta na Turquia, que supervisiona a implementação do acordo.
(Por Ezgi Erkoyun, com reportagem adicional de Vladimir Soldatkin em Moscou)