Por Martinne Geller
LONDRES (Reuters) - Executivos da Unilever (LON:ULVR) descartaram nesta sexta-feira planos de mudar a sede da empresa para a Holanda diante da oposição de acionistas, mantendo uma das empresas mais valiosas do Reino Unido em Londres antes do Brexit.
O recuo veio apenas três semanas antes da votação sobre a proposta e é uma vitória para os acionistas que se opõem a uma mudança que teria retirado a fabricante dos sabonetes Dove e dos sorvetes Ben&Jerry do índice FTSE 100.
"Estamos satisfeitos por terem abandonado o plano de 'se tornarem holandeses'", disse Ali Miremadi, gerente de portfólio da GAM, que pretendia votar contra a medida. "Agora, a empresa pode se concentrar em seu trabalho principal - gerar valor para os acionistas no longo prazo."
A diretoria da Unilever, liderada pelo presidente Marijn Dekkers e o holandês Paul Polman, concordaram em desistir do plano durante uma teleconferência nesta sexta-feira, depois que ficou claro que a proposta não teria apoio suficiente, disse uma fonte a par do assunto.
A Unilever decidiu desmontar sua estrutura anglo-holandesa após uma revisão estratégica provocada pela tentativa fracassada de aquisição da empresa pela Kraft-Heinz, por 143 bilhões de dólares, no ano passado. O objetivo declarado era tornar a empresa mais eficiente e ágil em um mercado de consumo abalado pelo comércio eletrônico, mídias sociais e novos rivais.
Mas pelo menos dez acionistas, que possuem em conjunto cerca de 12 por cento da Unilever, se opuseram publicamente à decisão. Eles estavam preocupados com a efetiva venda forçada de suas ações sem prêmio, com a incerteza em torno do futuro tratamento tributário dos dividendos holandeses e com a percepção de que a medida visava em parte garantir maior proteção contra aquisições sob a lei holandesa.
A reviravolta da Unilever acontece em um momento delicado para o governo britânico, que está lutando para proteger empregos e investimentos enquanto a primeira-ministra, Theresa May, tenta aprovar seu plano de separar o país da União Europeia.
(Por Martinne Geller)