SÃO PAULO (Reuters) - A JBS (SA:JBSS3) afirmou nesta sexta-feira que o pagamento de propina a fiscais agropecuários, citado na delação do empresário Wesley Batista, não influenciou a qualidade dos produtos da companhia, cujo setor foi alvo no início deste ano da operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
O empresário, um dos controladores da JBS, maior processadora mundial de carne bovina, afirmou em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) que a indústria de frigoríficos do país sempre teve como prática o pagamento mensal de entre 1.000 e 20.000 mil reais para auditores fiscais agropecuários do Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Segundo a JBS, "os pagamentos realizados a auditores fiscais agropecuários... não têm qualquer relação com a qualidade dos produtos da empresa, cujos processos produtivos seguem padrões e normas internacionais".
A JBS não teve nenhuma fábrica interditada no âmbito da operação Carne Fraca deflagrada pela PF no início do ano para apurar pagamento de subornos para fiscais agropecuários. Em decorrências das denúncias da operação, diversos países impusessem restrições temporárias contra exportações de carne brasileira.
Na delação de Batista, apesar dos pagamentos aos fiscais terem algumas vezes objetivo de "flexibilizar a interpretação e a aplicação das normas de inspeção industrial e sanitária (Riispoa), a flexibilização das referidas normas em nada afetava a segurança alimentar do produto".
Segundo o empresário, como o Ministério da Agricultura não tem fiscais suficientes para inspecionar todos os frigoríficos durante o expediente, o pagamento servia para compensá-los por jornadas extras de trabalho para que as fábricas não tivessem atividade interrompida por falta de inspeção.
As ações da JBS encerraram esta sexta-feira em queda de cerca de 1 por cento, enquanto o Ibovespa (BVSP) teve valorização de 0,4 por cento.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, viaja neste fim de semana a Washington para negociar a reabertura do mercado dos Estados Unidos à carne bovina in natura brasileira. O governo norte-americano suspendeu todas as importações de carne bovina in natura do Brasil no dia 22 de junho, devido a recorrentes preocupações sobre sanidade de produtos. [nL1N1JJ29V]
A medida ocorreu após o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) ter aumentado em março a realização de testes para a carne fresca e produtos prontos de carne do Brasil, como precaução após a operação policial Carne Fraca.
Na agenda do ministro, Maggi tratará do assunto durante almoço com o secretário de Agricultura norte-americano, Sonny Perdue. Segundo o ministério, Maggi "vai falar sobre as medidas adotadas pelo Brasil para atender exigências sanitárias norte-americanas".
(Por Alberto Alerigi Jr.)