BRASÍLIA (Reuters) - Prefeituras de diversas cidades do país negaram nesta sexta-feira ter aplicado vacinas contra a Covid-19 fora do prazo de validade, apontando para um possível erro no sistema do Ministério da Saúde, após um levantamento com base em dados da pasta apontar que ao menos 26 mil doses vencidas do imunizante da AstraZeneca (LON:AZN) teriam sido aplicadas no Brasil.
Segundo o levantamento, publicado pelo jornal Folha de S.Paulo nesta sexta, as vacinas vencidas seriam provenientes de lotes importados da Índia pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ou adquiridos por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Apontada como cidade que mais aplicou vacinas vencidas, com mais de 3.500 doses, Maringá (PR) negou qualquer irregularidade, afirmando tratar-se de um atraso no registro dos dados no sistema do Ministério da Saúde.
“O lançamento no Sistema Conect SUS está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento. Concluindo, não houve vacinação de doses vencidas em Maringá e sim erro no sistema do SUS”, disse o secretário da Saúde de Maringá, Marcelo Puzzi, em nota oficial.
As prefeituras de cidades como São Paulo, Juiz de Fora e Belo Horizonte, que também teriam aplicado vacinas fora do prazo de validade segundo o levantamento publicado pela Folha, negaram ter usado vacinas vencidas por meio de notas oficiais.
Conforme o levantamento publicado pela Folha, que compilou dados até 19 de junho, os imunizantes que tiveram prazo de validade expirado teriam sido utilizados em 1.532 municípios, na maioria não passando de 10 doses cada.
Procurados pela Reuters, o Ministério da Saúde, a Fiocruz e a Opas não responderam de imediato a pedidos de comentário.
A vacina da AstraZeneca é a mais usada contra a Covid-19 no país, respondendo por 46,2% de toda a imunização no país.
De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, quem tomou imunizante vencido precisa se revacinar pelo menos 28 dias depois de ter recebido a dose administrada equivocadamente, uma vez que considera-se que a pessoa não foi vacinada.
(Por Ricardo Brito, em Brasília)