Por Fabio Teixeira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vale (BVMF:VALE3) poderá expandir o uso de baterias industriais para abastecer portos e locais de mineração, disse a diretora de Energia e Descarbonização da empresa, Ludmila Nascimento, em um movimento que impulsionaria uma indústria ainda em estágio inicial no Brasil.
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Desde o ano passado, a empresa utiliza um sistema de baterias instalado no porto do Terminal da Ilha Guaíba (TIG), no Estado do Rio de Janeiro, como medida de redução de custos.
"A gente pode replicar para outras operações da Vale, não somente nos portos", disse Nascimento à Reuters na sexta-feira, acrescentando que a empresa poderia eventualmente usar essa tecnologia em locais de mineração.
Embora o projeto no TIG tenha demandado cerca de quatro anos, o sistema poderia ser replicado para outros três portos onde a empresa opera de forma mais ligeira, disse Nascimento.
Ela disse que uma vez adquiridas as baterias, a instalação em portos poderia ser feita em questão de meses.
No TIG, a Vale utiliza baterias com capacidade combinada de 10 megawatts-hora para armazenar energia durante o dia e utilizá-la nos horários de pico de demanda, quando a energia é mais cara.
Outros portos usariam baterias com capacidade igual ou um pouco maior, disse Nascimento.
O fato de a Vale, uma das maiores empresas do Brasil, ter utilizado o sistema durante sete meses sem falhas pode afastar os receios no país de que a tecnologia não seja confiável, disse Sérgio Jacobsen, presidente da Micropower Energy, empresa fornecedora do sistema.
O sistema levou a um corte de 40% no que o TIG paga pela distribuição de energia, disse a Vale em nota, o que representará cerca de 3 milhões de reais em economia por ano. O investimento inicial, não divulgado pela Vale, foi feito pela Micropower Energy, que será reembolsada com o dinheiro da economia de energia.
O negócio de baterias em larga escala no Brasil ainda está em seus estágios iniciais, mas em outros países a tecnologia é mais amplamente utilizada, disse Jacobsen.
O sistema de armazenamento do TIG é o segundo maior do Brasil, disse Jacobsen, sendo o primeiro de 60 MWh inaugurado pela distribuidora de energia Isa Cteep no ano passado.
À medida que o Brasil se torna mais dependente da energia eólica e solar, precisará armazenar energia que de outra forma seria desperdiçada durante os horários em que a oferta supera a demanda, disse ele.
(Reportagem de Fábio Teixeira)