Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) -A Vale (BVMF:VALE3) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vão aportar 250 milhões de reais cada em um novo fundo com foco em projetos de minerais estratégicos, com o objetivo de estimular atividades de pesquisa e exploração mineral no Brasil, afirmaram os presidentes da empresa e do banco de fomento nesta quarta-feira.
A ideia é de que a participação da Vale e do BNDES atraia outros interessados para o fundo, que tem previsão inicial de receber ao todo até 1 bilhão de reais para investir em até 20 empresas na área de minerais estratégicos, segundo uma apresentação feita nesta quarta-feira a jornalistas.
O fundo ORE JGP BB (BVMF:BBAS3) Minerais Estratégicos FIP Multiestratégia, escolhido por meio de um processo competitivo, receberá o aporte inicial de Vale e BNDES e captará o restante no mercado. A previsão é que em março o fundo já inicie os investimentos nas empresas.
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, destacou que o lançamento do fundo junto com o BNDES é uma oportunidade de negócio, que visa desenvolver um mercado que no Brasil tem muito pouco acesso a capital.
"Não existe transição energética sem os minerais críticos", disse Pimenta, pontuando que a demanda por essas commodities é vista como crescente pelas próximas duas décadas.
"O grande desafio da indústria hoje é trazer esses minerais para a operação, desenvolver esses projetos, trazer esses projetos para as etapas comerciais", frisou, em sua primeira coletiva de imprensa após o início do seu mandato na véspera.
Antes da troca do CEO anterior, Eduardo Bartolomeo, por Pimenta, a Vale estava sob pressão do governo federal para realizar investimentos no país.
Pimenta ressaltou ainda que os projetos de mineração menores são os que mais têm dificuldades para ter acesso a capital.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o movimento permite ainda que a Vale possa diversificar parceiros no Brasil e que o banco busca abrir uma porta para que os pequenos e médios produtores "deem um salto de qualidade".
Entre os minerais estratégicos para transição energética e descarbonização citados pela empresa estão cobalto, cobre, estanho, grafita, lítio, manganês, minério de terras raras, molibdênio, nióbio, níquel, entre outros.
Fosfato, potássio e remineralizadores, minerais fundamentais para a fertilidade do solo, também estão no rol de elementos abrangidos pelo fundo.
As companhias que serão apoiadas pelo fundo serão brasileiras ou com sede no exterior, mas com 90% de operação nesses minerais estratégicos no Brasil.
Um dos focos iniciais do fundo será apoiar um trabalho das empresas para pesquisa mineral.
METAIS BÁSICOS
A Vale poderá eventualmente avaliar no futuro participar de algum desses projetos, caso ache interessante.
Entretanto, Pimenta pontuou que atualmente, na área de metais básicos, a empresa tem como foco ampliar suas operações em cobre e níquel, que já estão em seu portfólio.
"O nosso grande foco hoje são naqueles minerais que a gente tem em carteira, tanto níquel quanto cobre, porque a gente tem vantagem competitiva, a gente conhece esses minerais, a gente consegue produzir eles na curva de custo bastante competitiva para a indústria", afirmou.
O executivo disse que a Vale avalia oportunidades para crescer na produção de cobre, eventualmente triplicando sua produção, após ter ficado para trás na comparação com concorrentes.
"A gente está produzindo 350 mil toneladas (ano). Os grandes operadores de cobre no mundo hoje já estão na faixa de 1 milhão de toneladas de produção. Então, a gente ficou um pouco para trás no cobre", disse Pimenta.
O maior foco em cobre e níquel, contudo, não significa que a Vale "não possa, em algum momento da nossa história, reavaliar e pensar em outros minerais críticos".
(Por Marta Nogueira; edição de Roberto Samora)