Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) -Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no país em outubro subiram 20,4% na comparação com um ano antes e 10% ante setembro, a 217,75 mil unidades, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela associação de concessionários, Fenabrave.
Com isso, no acumulado de janeiro a outubro, os emplacamentos de veículos somam 1,85 milhão de unidades, 9,7% acima do verificado no mesmo período do ano passado.
A Fenabrave projeta para o ano vendas de 2,22 milhões de veículos novos, um crescimento de 5,6% sobre 2022.
Parte do salto nas vendas do mês passado na comparação anual deve-se à uma base de comparação mais fraca, uma vez que as vendas no final de outubro de 2022 foram atingidas pelos protestos de cunho golpista organizados em várias estradas do país contra os resultados das eleições presidenciais.
Já na comparação com setembro, a alta se deu por um maior período de comercialização, disse a Fenabrave.
"O dia útil a mais, em outubro, favoreceu o desempenho de quase todos os segmentos automotivos, que se mantiveram estáveis, acumulando crescimento dentro das expectativas", disse o presidente da Fenabrave, José Andreta Jr., em comunicado.
O executivo lamentou o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera ao mecanismo de retomada de veículos em caso de inadimplência que estava previsto no marco das garantias, algo que, segundo ele, poderia ajudar a reduzir os custos dos financiamentos.
"Precisamos de medidas de estímulo ao crédito no país e tínhamos confiança de que o marco legal das garantias poderia contribuir para isso", disse o presidente da Fenabrave.
O segmento de caminhões, bastante atrelado ao ritmo da economia, segue amargando recuos na comparação anual. A queda foi de 13,45% contra outubro de 2022, a 9.157 emplacamentos. No acumulado do ano, o segmento mostra retração de 17,1%, segundo os dados da Fenabrave.
A produção industrial brasileira voltou a cair em outubro e marcou o segundo mês consecutivo em território de contração, segundo o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês), da S&P Global, começando o quarto trimestre com o pé esquerdo em meio a condições econômicas desafiadoras e retração da demanda.
As vendas de caminhões novos têm sofrido desde o início de 2023, em meio à mudança de tecnologia para diminuir emissões de poluentes, mas que encareceu os veículos e gerou movimento de antecipação de compras no ano passado. As montadoras só poderiam fabricar modelos com a tecnologia anterior, chamada de "Euro 5", até o final do ano passado.
Apesar de emitirem menos gases nocivos e material particulado, os veículos da nova tecnologia "Euro 6" são cerca de 20% mais caros que os "Euro 5", disse no final de maio o presidente da Volkswagen (ETR:VOWG) Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes.
"A troca de tecnologia vem se consolidando e podemos dizer que o Euro 6 já compõe 50% das aquisições deste ano", disse o presidente da Fenabrave. No entanto, "o transportador está reticente em relação à sua compra, pois o frete não acompanhou essa evolução (de preço dos veículos)", acrescentou.
A Fenabrave afirmou ainda que o segmento de ônibus segue em ritmo positivo no ano, consolidando recuperação na área de transporte rodoviário e urbano, impulsionado pelo Programa Caminho da Escola, do governo federal. As vendas em outubro subiram 5% sobre um ano antes e 5,3% ante setembro, para 1.919 unidades, segundo a entidade.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de Pedro Fonseca)