RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende enxugar a sua carteira de participações em empresas nos próximos três anos e as operações acima de um bilhão de reais terão de passar pelo crivo do conselho, disse a Reuters o presidente do colegiado, Carlos Thadeu de Freitas.
A carteira da BNDESpar, braço de participações do banco de fomento, totaliza mais de 100 bilhões de reais. Participações que mais maduras e que não façam mais sentido serão vendidas.
Investimentos do BNDES com valores individuais acima de um bilhão de reais incluem participações em empresas como Petrobras (SA:PETR4), Banco do Brasil (SA:BBAS3), Vale (SA:VALE3) e Suzano (SA:SUZB3).
"A decisão de venda de uma posição era da diretoria e o conselho era apenas comunicado. Isso agora vai mudar", disse Freitas à Reuters.
A mudança surge após uma disputa interna entre o ex-diretor de mercado de capitais André Laloni e técnicos do BNDES sobre a forma de venda de ações do BB detidas pela União.
A disputa provocou a queda de uma executiva da área jurídica do BNDES que não concordava com a condução do processo sugerida por Laloni. Houve críticas de funcionários que culminaram também na saída de Laloni do banco.
"Essa proposta de aperfeiçoamento da governança veio de superintendentes e a diretoria e o conselho aceitaram", Freitas.
Segundo o executivo, a próxima etapa é a criação de regras e critérios de que como serão feitas essas operações.
As vendas poderão ser feitas via mesa de operações ou por oferta pública global. Para oferta pública ainda haverá regras para escolher a forma e os bancos que vão atuar na operação.
O movimento acontece também em paralelo ao encolhimento das atividade de empréstimos do banco. De janeiro a setembro, o BNDES emprestou 38 bilhões de reais, queda de 14% ante igual etapa de 2018. As estimativas para o ano são de um volume de 55 bilhões a 60 bilhões de reais, um dos menores dos últimos anos.
O banco se comprometeu a devolver ao Tesouro em 2019 mais de 120 bilhões de reais referentes a empréstimos tomados na última década. O banco também deve aprovar alterações estatuto para antecipar em 2019 quase 10 bilhões de reais em dividendos.
(Por Rodrigo Viga Gaier)