SÃO PAULO (Reuters) - As vendas reais do comércio varejista brasileiro diminuíram o ritmo em 2014, com crescimento real de 4,2 por cento contra 5,8 por cento em 2013, apontou o índice ICVA da empresa de meios de pagamento eletrônico Cielo, divulgado nesta quinta-feira.
Em termos nominais, o avanço foi de 10,9 por cento no ano passado, contra 13,4 por cento em 2013. O índice da Cielo é calculado a partir da base de mais de 1,5 milhão de pontos de venda ativos credenciados pela companhia em todo o Brasil.
Segundo o gerente de Inteligência da Cielo, Gabriel Mariotto, os resultados confirmaram uma tendência de desaceleração que já vinha sendo mostrada ao longo do ano, apesar do varejo ainda ter caminhado acima da média da economia brasileira.
Economistas de instituições financeiras projetam um crescimento de apenas 0,11 por cento para a economia em 2014, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Em dezembro, somente, as vendas reais do varejo subiram 1,8 por cento sobre um ano antes, com alta nominal de 8 por cento na mesma base de comparação, apontou o índice da Cielo. No mesmo período de 2013, o avanço real havia sido de 5,7 por cento e o nominal, de 13,2 por cento.
Os números foram divulgados um dia após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado que as vendas no varejo brasileiro avançaram 0,9 por cento em novembro sobre outubro e 1 por cento sobre um ano antes, no pior resultado para o mês desde 2003.
No início da semana, o Grupo Pão de Açúcar, maior varejista do Brasil, divulgou alta no quarto trimestre de 1 por cento nas vendas líquidas em mesmas lojas em sua divisão alimentar, desempenho considerado fraco por analistas. Na Via Varejo, sua controlada de móveis e eletroeletrônicos, o avanço nessa linha foi de 1,5 por cento.
Presente na teleconferência da Cielo com jornalistas, a economista da Tendências Mariana Oliveira afirmou que as perspectivas para 2015 não são animadoras.
"Há questões que saem do radar, como Copa do Mundo e eleições, mas algumas outras incertezas têm preocupado", disse Mariana, citando a crise hídrica, taxa de desemprego menos favorável e desdobramentos da operação Lava Jato, além de ajustes macroeconômicos e na política de preços administrados, que devem afetar o poder de compra das famílias.
"É provável que a demanda e o setor do varejo fiquem com um crescimento em 2015 até um pouco mais baixo do que ocorreu em 2014", completou Mariana.
(Por Marcela Ayres)