Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - A Venezuela acusou nesta sexta-feira as sanções lideradas pelos Estados Unidos de impedirem o refinanciamento da dívida externa, bloquearem importações vitais de alimentos e medicamentos e custarem bilhões de dólares em ativos de petróleo perdidos.
O vice-ministro das Relações Exteriores, William Castillo, também rejeitou relatório da chefe de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, e negou que haja uma crise humanitária no país de esquerda, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), cuja economia implodiu.
O governo do presidente Nicolás Maduro afirma que a Venezuela é vítima de uma trama dos EUA para derrubá-lo, erradicar o socialismo e conceder as maiores reservas de petróleo do mundo a multinacionais.
No entanto, a administração do presidente norte-americano, Donald Trump, o classifica como um ditador ilegítimo e reconheceu o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente interino, promovendo diversas sanções ao setor petrolífero e a aliados de Maduro.
"Hoje os EUA confiscaram cerca de 30 bilhões de dólares em ativos da (petroleira estatal) PDVSA, enquanto 40 bancos detêm cerca de 5,4 bilhões de dólares, impedindo a Venezuela de adquirir alimentos e medicamentos", disse Castillo ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
"A Venezuela não pode refinanciar sua dívida, e navios-tanques e negócios do petróleo estão sendo prejudicados", acrescentou ele, afirmando que a receita com exportações de petróleo despencou de 40 bilhões de dólares por ano para 5 bilhões de dólares.
O país sul-americano possui dívidas de cerca de 200 bilhões de dólares com um grupo diverso de credores, fornecedores comerciais e empresas cujos ativos foram expropriados.
Com a crescente inadimplência, os credores estão relutantes em negociar uma reestruturação por conta das sanções dos EUA.
O relatório de Bachelet, apresentado após sua visita a Caracas em junho, apontou que as forças de segurança venezuelanas estavam enviando esquadrões da morte para assassinar jovens.
Castillo disse que a Venezuela rejeita tais "acusações criminais".
(Reportagem de Stephanie Nebehay)