SÃO PAULO (Reuters) - A Cetip teve lucro e receita favorecidos por maiores volumes de negócios no terceiro trimestre, diante da maior volatilidade do mercado financeiro doméstico, o que se sobrepôs a maiores despesas no período.
A companhia, maior central depositária e câmara de compensação de títulos privados da América Latina, anunciou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de 130,15 milhões de reais entre julho e setembro, alta de 20 por cento em relação a igual período de 2014.
O número veio levemente acima da previsão média de analistas consultados pela Reuters, de 123 milhões de reais. O desempenho operacional da companhia medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, na sigla em inglês), foi de 200 milhões de reais, alta de 9,4 por cento sobre um ano antes. Em termos ajustados, o Ebitda ficou em 204 milhões de reais, aumento anual de 9,2 por cento. A previsão média de analistas para esta linha era de 192 milhões de reais.
A margem Ebitda ajustada caiu 6,7 pontos percentuais na mesma comparação, para 65,4 por cento.
A receita líquida da companhia foi de 312,3 milhões no trimestre, aumento de 20,4 por cento ante igual etapa de 2014, com destaque para a unidade de títulos, cujo faturamento subiu 23,8 por cento, impulsionada pela prestação de serviços de custódia e pelo aumento do volume de transações.
Além disso, a volatilidade do mercado financeiro doméstico no período impulsionou em 88,4 por cento as receitas com registro de derivativos de balcão.
Já a unidade de financiamento, que inclui os gravames de financiamentos de veículos, teve receita 10,1 por cento maior.Por outro lado, as despesas operacionais tiveram aumento de 38 por cento no comparativo anual, para 134,8 milhões de reais. A Cetip citou maiores custos com serviços de terceiros, afetada pelo novo modelo de sistema de contratos de financiamento de veículos em São Paulo.
No trimestre, o resultado financeiro da Cetip foi negativo em 57,2 milhões de reais, ante número também negativo de 30 milhões um ano antes, influenciado pela variação cambial sobre a dívida em moeda estrangeira.
Segundo o diretor Financeiro, Corporativo e de Relações com Investidores da Cetip, Willy Jordan, tanto as despesas quanto as receitas tiveram influência da mudança no modelo de cobrança nos registros de contratos de financiamento de veículos.
Segundo ele, embora possa haver altos e baixos trimestrais, o plano da Cetip é conservar suas despesas crescendo, no máximo, na mesma velocidade da receita líquida.
Jordan evitou dar detalhes sobre o anúncio feito essa semana pela Cetip e pela BM&FBovespa (SA:BVMF3), de que iniciaram tratativas para uma possível união.
"Por enquanto, não estamos fazendo nem deixando de fazer nada por causa de anúncio", afirmou.
(Por Aluísio Alves e Guillermo Parra-Bernal)