Por Andreas Cremer (SA:CREM3) e Edward Taylor
BERLIN/FRANKFURT (Reuters) - A Volkswagen suspendeu seu chefe de lobby nesta terça-feira em resposta a denúncias de que a empresa teria bancado testes que expuseram macacos e humanos à fumaça tóxica de diesel, métodos classificados pelo presidente-executivo da montadora alemã de veículos como "repulsivos".
A maior montadora da Europa está passando por novo escândalo após o jornal New York Times publicar na semana passada que o grupo alemão e as rivais BMW e Daimler fundaram uma organização chamada "Grupo Europeu de Pesquisa em Meio-ambiente e Saúde no Setor de Transportes" para comandar os testes.
A reportagem veio mais de dois anos depois que a Volkswagen admitiu adulterar os testes de emissão de poluentes de motores a diesel, o que deu início à maior crise na história da empresa, que prometeu mudanças extensas para garantir que esse tipo de conduta não aconteceria novamente.
"Durante o fim de semana tivemos que aprender uma vez mais que ainda há um longo caminho a nossa frente para reconquistar a confiança perdida", afirmou o presidente-executivo da Volkswagen, Matthias Mueller, ainda na segunda-feira durante uma recepção em Bruxelas. Essa foi sua primeira declaração pública em relação ao novo escândalo.
"Os métodos usados pelo grupo nos EUA foram errados, eles foram antiéticos e repulsivos", disse ele. "Eu sinto muito que a Volkswagen esteja envolvida no assunto como um dos apoiadores do grupo de pesquisa."
Já nesta terça-feira, o conselho de administração da Volkswagen aceitou o pedido de afastamento de Thomas Steg, o chefe de lobby desde 2012 e ex-porta-voz do governo alemão. Foi indicado para seu lugar interinamente o especialista em política, Jens Hanefeld.
O porta-voz para o presidente do conselho da empresa Hans Dieter Poetsch disse que o comitê executivo do conselho de administração vai se reunir na próxima semana para discutir as investigações internas e assegurar que tais incidentes não se repitam.
A pesquisa desenvolvida pelo grupo, conduzida em 2014, foi feita para defender o uso do diesel após revelações de que os gases emitidos pelos motores que usam o combustível causadores de câncer, publicou o The New York Times.