MADRI/LISBOA (Reuters) - A zona do euro está enfrentando uma longa recuperação diante de uma recessão profunda e precisa de mais apoio do Banco Central Europeu e dos governos locais, disseram várias autoridades nesta segunda-feira -- exatamente no momento em que o fundo de recuperação da UE se depara com seu maior obstáculo até agora.
Com a zona do euro provavelmente voltando à recessão neste trimestre, o BCE já disse que fornecerá mais estímulos em dezembro, provavelmente por meio de um programa de compras emergenciais de títulos e empréstimos ultrabaratos ao setor bancário.
Mas o apoio fiscal entrou em perigo nesta segunda-feira depois que Hungria e Polônia vetaram o orçamento da União Europeia e um fundo de recuperação de 750 bilhões de euros, seu maior esforço fiscal conjunto até o momento, que é visto como vital para limitar divergências econômicas.
"Dadas a piora das perspectivas para a atividade econômica e a inflação, o Conselho do BCE deve aumentar o nível de acomodação monetária e evitar problemas de fragmentação", disse o chefe do banco central espanhol, Pablo Hernández de Cos.
O economista-chefe do BCE, Philip Lane, que pediu apoio fiscal "significativo", alertou que, mesmo com uma vacina agora quase finalizada, as restrições econômicas provavelmente continuarão no próximo ano.
"Achamos que durante todo o próximo ano ainda haverá interrupções à vida normal... mas até o final do próximo ano ou no início de 2022, acho que deve haver um retorno à normalização", disse ele à emissora portuguesa RTP.
O problema da UE é que alguns de seus membros mais endividados foram os que mais sofreram com a pandemia, de modo que têm menos capacidade de impulsionar suas recuperações por meio de ferramentas fiscais internas.
O colapso do fundo de recuperação da UE provavelmente aumentaria o fosso entre as nações mais ricas do norte e as mais pobres do sul, uma divergência perigosa que poderia alimentar o descontentamento social.
(Por Sergio Gonçalves, Andrei Khalip, Jesús Aguado e Emma Pinedo)