Por Luciana Bruno
(Reuters) - A consolidação no mercado brasileiro de telecomunicações teve outro capítulo nesta segunda-feira, com a Portugal Telecom aprovando a fusão com a Oi e a mexicana América Móvil admitindo que pode unir-se à Oi na oferta conjunta pela TIM Participações.
O movimento acontece às vésperas do leilão da faixa de 700 MHz, marcado para o dia 30, que será usado para a tecnologia de quarta geração (4G) no país, e que exigirá investimentos bilionários da companhias.
Acionistas da Portugal Telecom aprovaram em assembleia geral a fusão com a Oi, afastando incertezas sobre a operação após o calote de um polêmico investimento da operadora portuguesa em dívida da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo.
Uma porta-voz da Portugal Telecom confirmou que os termos da fusão foram aprovados por 98,25 por cento do capital presente na assembleia de acionistas, acima da maioria necessária de dois terços dos votos.
A assembleia aprovou o acordo revisado de fusão, com a redução da participação da Portugal Telecom na CorpCo, empresa a ser criada após a fusão com a Oi, de 38 para 25,6 por cento.
O processo tinha ficado ameaçado após a informação de um investimento de 900 milhões de euros da Portugal Telecom em dívida da Rioforte, que descumpriu o pagamento, forçando a revisão dos termos do acordo com a Oi.
A Portugal Telecom tem durante seis anos uma opção de compra de ações na CorpCo, e poderá exercer caso parte do investimento na Rioforte seja recebido. A Portugal Telecom SGPS passa a deter uma opção de compra de ações na Oi e a dívida da Rioforte.
Também nesta segunda-feira, os Conselhos de Administração da Oi e da Telemar Participações (Tel Part), um de seus sócios controladores, também aprovaram os termos revisados da fusão.
AMÉRICA MÓVIL
Em outra frente, a América Móvil, dona da Claro no Brasil, admitiu que planeja conversar com a Oi sobre uma eventual oferta conjunta de compra da TIM Participações, disse nesta segunda-feira o diretor financeiro da empresa mexicana.
"Decidimos a princípio explorar essa opção. Vamos falar com eles", disse o diretor financeiro Carlos Garcia Moreno.
Mais cedo, o executivo dissera à Bloomberg que financiar um possível acordo de compra da segunda maior operadora de celular do Brasil não seria problema, e que a empresa pode tomar dívida.
A Oi revelou em agosto planos de comprar a TIM, controlada pela Telecom Italia, afirmando que pretendia trazer a América Móvil e a espanhola Telefónica, dona da Vivo, para uma oferta conjunta.
Uma eventual divisão da TIM daria às empresas mais espaço no mercado de celular hoje disputado por quatro grandes operadoras, enquanto lutam para adicionar clientes, investir em redes de alta velocidade e proteger margens numa economia estagnada.
Além da proximidade do leilão da nova faixa para o 4G, os anúncios desta segunda-feira ocorrem paralelamente às negociações da Telefónica para compra da GVT pertencente ao grupo de mídia francês Vivendi.
(Com reportagem de Daniel Alvarenga, Tomás Sarmiento e Christine Murray)