Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin, anunciou nesta terça-feira o grupo técnico na área de economia com André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Pérsio Arida.
Dos quatro economistas, Guilherme Mello, professor da Unicamp, e Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff, são ligados ao PT. Já André Lara Resende e Pérsio Arida, com ligações históricas com o PSDB, estão entre os formuladores do Plano Real, durante o governo de Itamar Franco, e participaram do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Questionado sobre como seria unir economistas com visões diferentes, Alckmin afirmou que “não são visões opostas, mas complementares”.
O ex-governador lembrou ainda que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tem lembrado que fazer parte da transição não significa automaticamente fazer parte do governo.
“Presidente Lula deixou claro que a transição não tem relação direta com ministério ou governo. Podem ou não participar, mas são questões diferentes”, disse.
Até o momento, Lula não deu indicações de quem pretende escolher para o Ministério da Fazenda. Vários nomes têm circulado, mas pessoas próximas ao presidente eleito afirmam que são apenas apostas.
Outro nome que deve ainda ser parte da equipe de transição é do ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Guido Mantega, informou Alckmin depois de questionado sobre sua presença no grupo. O vice-presidente eleito, no entanto, não detalhou em qual das áreas temáticas Mantega poderá participar.
Ao todo, o grupo de transição terá 31 grupos temáticos, que serão coordenados pelo ex-ministro Aloizio Mercadante, que coordenou já o programa de governo durante a campanha. [L1N32422I]
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffman, fará a coordenação da articulação política da transição. E o ex-deputado Floriano Pesaro, muito próximo a Alckmin, será o coordenador-executivo.
Foi anunciado ainda o grupo temático de desenvolvimento social, formado pela senadora Simone Tebet, a ex-ministra Tereza Campello, a professora Marcia Lopes e o deputado estadual por Minas Gerais André Quintão.
Simone Tebet, do MDB, ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial e apoiou Lula na segunda rodada de votação.
O comitê de organização da posse será organizado pela esposa de Lula, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.
Também foi criado um conselho político, formado por representantes de 12 partidos --até agora-- que fizeram parte da aliança de apoio durante as eleições, além do PSD, que já decidiu participar da transição. O PT ainda aguarda a resposta do MDB. Em reunião nesta terça com Gleisi, o presidente do partido, Baleia Rossi, indicou que a sigla deve participar, mas pretendia consultar as lideranças partidárias antes de dar uma resposta definitiva, o que deve acontecer na quarta.
Em entrevista coletiva, Alckmin destacou que garantir o Bolsa Família de 600 reais é a questão mais urgente a ser tratada pela equipe de transição --o atual Auxílio Brasil deverá retomar seu antigo nome no futuro governo.
Alckmin reafirmou que o modelo a ser usado ainda está sendo definido, e existem diferentes alternativas. No entanto, o vice-presidente eleito acredita que haverá boa vontade para resolver a questão do Bolsa Família.
“Ninguém é contra você garantir, nesse momento, o Bolsa-Família de 600 reais, isso foi unânime praticamente, então garantir isso é fundamental. A forma de fazê-lo pode ser PEC com a LOA, você tem a emenda constitucional e a LOA, pode ser outros caminhos, você tem a possibilidade do Tribunal de Contas da União conceder outra hipótese de crédito extraordinário, judiciário, enfim. Têm inúmeras alternativas, isso vai ser definido nos próximos dias”, disse.
(Reportagem adicional de Victor Borges)