Por Tim Kelly e Sam Nussey
KYOTO, Japão (Reuters) - Autoridades do Japão buscavam respostas nesta segunda-feira para um incêndio que atingiu uma empresa de animação em meio a reportagens segundo as quais a fumaça se espalhou tão rápido que a maioria das vítimas que tentaram fugir através de uma porta de acesso ao telhado não conseguiu abri-la a tempo para escapar.
Um dos piores assassinatos em massa do Japão em décadas, o ataque de quinta-feira à Kyoto Animation matou 34 pessoas – um homem que gritou "morram" ateou fogo em um balde de gasolina que havia derramado na entrada do edifício.
Dezenove dos mortos foram encontrados empilhados uns sobre os outros em uma escadaria do terceiro andar que levava a uma porta de acesso ao telhado, e algumas reportagens iniciais levam a crer que não foi possível abri-la pelo lado de dentro.
Mas uma autoridade da polícia citada pela televisão nacional NHK nesta segunda-feira disse que investigações mostraram que, embora a porta pudesse ser aberta por dentro, a fumaça do incêndio se espalhou tão rápido que impediu que as vítimas pudessem abri-la.
Indagado sobre a porta, o advogado da Kyoto Animation, Daisuke Okeda, respondeu que havia chaves em dois lugares, acrescentando estar ciente das reportagens segundo as quais a porta estava aberta, mas que não sabe se estava.
"Ela tinha uma maçaneta normal, então não era um mecanismo complicado", disse aos repórteres.
Junzo Yamamoto, chefe da Comissão Nacional de Segurança Pública, depositou flores no local antes de entrar na estrutura enegrecida do edifício para inspecioná-la.
"A questão de como podemos evitar este tipo de incidente é extremamente difícil de responder", disse Yamamoto aos repórteres. "Antes de chegar nisso, precisamos esclarecer todo o quadro."
Das 26 pessoas cujas autópsias foram divulgadas, 20 morreram queimadas, três sofreram envenenamento por dióxido de carbono e duas sufocaram, disse a polícia de Kyoto. A causa da morte de uma não foi determinada.
Autoridades dos bombeiros disseram a uma comissão da Assembleia Municipal que tudo no edifício estava de acordo com o código de segurança contra incêndios e que estão investigando por que tantas vidas foram perdidas, noticiou a NHK.
A empresa fez simulações suficientes para incêndios e adotou todas as medidas exigidas pela lei, inclusive paredes concebidas para impedir que a fumaça suba, acrescentaram.