SÃO PAULO (Reuters) - O banco digital brasileiro C6 está lançando conta e cartão de débito internacionais, tentando se aproveitar da crescente demanda de clientes por soluções mais ágeis e com menos custos para transações com moeda estrangeira.
A conta internacional no banco é ligada à conta corrente nacional, mas funciona separadamente. Para usá-la, o cliente precisa transferir o valor em reais para a conta internacional, e o montante é convertido em dólares. A operação é possível devido ao fato de a conta em dólares ser sediada nas Ilhas Cayman.
O público-alvo principal do produto são viajantes mais frequentes ao exterior, mas atende também pessoas que fazem compras em marketplaces internacionais, como na Amazon (NASDAQ:AMZN).
A conta internacional do C6 é livre de taxa de manutenção e o cartão de débito é isento de anuidade. Sobre as operações incide uma alíquota de IOF de 1,1%, mas spread cambial de 2%.
A transferência é imediata. O valor mínimo para a transação é de 100 dólares. Para fazer a conversão de real para dólar, o banco usa como referência o dólar comercial, cuja cotação é mais baixa que a do dólar turismo.
"Isso significa uma economia média de cerca de 7% em relação aos valores que incidem sobre gastos com cartão de crédito", disse à Reuters o chefe de produto e pessoa física do C6, Maxnaun Gutierrez.
Por questões regulatórias, a conta internacional permite transferências só a partir da conta do próprio cliente no banco no Brasil. No caso de envio de recursos para parentes no exterior, por exemplo, o próprio destinatário deve ter uma conta no Brasil, receber os recursos aqui e então ter os valores convertidos em dólar.
O C6 disponibilizou o produto inicialmente para um grupo selecionado de clientes, mas deve estendê-lo gradualmente para uma base mais ampla nas próximas semanas, disse ele.
O cartão de bandeira Mastercard permite saques em terminais de autoatendimento da rede Cirrus. O cliente pode sacar até 500 dólares por vez, com limite de quatro saques por dia (com custo de 5 dólares cada). Caso a compra ocorra em um país com moeda diferente do dólar, há uma conversão em dólar e o valor é debitado na conta internacional.
Segundo Gutierrez, a iniciativa é parte de um movimento mais amplo do C6, que mais adiante permitirá também a conversão imediata de reais para outras moedas, como euros e libras.
"Também estamos abrindo uma corretora em Nova York, o que permitirá mais adiante que brasileiros possam fazer investimentos diretos no exterior", disse ele.
O movimento acontece em meio à multiplicação de soluções mais ágeis e de menor custo de bancos digitais e de fintechs no Brasil para transferência de recursos, na esteira dos esforços do Banco Central para flexibilizar regras para transações internacionais.
Há um ano, a plataforma global de transferência de recursos em moedas estrangeiras Transferwise abriu escritório no Brasil, elegendo o país como um de seus mercados prioritários. O banco digital BS2 também lançou conta internacional meses atrás.
(Por Aluísio Alves)