LISBOA (Reuters) - O presidente-executivo da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, renunciou ao cargo nesta quinta-feira, informou a companhia, três semanas após ela ter sido forçada a reduzir sua fatia na fusão com a Oi devido a uma dívida não paga.
A Portugal Telecom disse que o Conselho de Administração da empresa não aprovou nem discutiu qualquer investimento em dívida emitida pela Rioforte, holding controlada pela família dona do Banco Espírito Santo (BES), que enfrenta dificuldades.
A empresa também contratou a PWC para auditar todos os investimentos em dívida do BES feitos pela Portugal Telecom.
A empresa não disse quem substituirá Granadeiro, 70 anos, mas convocou uma assembleia de acionistas para 8 de setembro para discutir os próximos passos e todos os aspectos da fusão.
Em carta citada pela mídia portuguesa, Granadeiro disse ter "certeza que uma auditoria independente mostrará que eu sempre agi pelos interesses da Portugal Telecom, seus funcionários e acionistas". Ele disse ter ficado surpreso com o calote BES, mas não disse se aprovou pessoalmente o investimento.
A Portugal Telecom não informou sua parceira de fusão, a Oi, que detinha 900 milhões de euros em dívida emitida pela holding. A empresa não pagou a dívida no mês passado, o que fez a Portugal Telecom ser obrigada a aceitar uma fatia menor na companhia criada após a fusão com a Oi.
Granadeiro foi nomeado presidente-executivo da Portugal Telecom em junho de 2013 após seu predecessor Zeinal Bava vir ao Brasil para liderar a Oi e comandar a combinação de ativos das duas companhias. Granadeiro também foi presidente do Conselho de Administração da Portugal Telecom e também deixou essa posição.
As ações da Portugal Telecom caíram 57 por cento desde o início do ano, principalmente nos últimos dois meses, depois que vieram à tona os problemas do grupo Espírito Santo. A Rioforte e diversas outras companhias da família estão agora sob proteção contra credores.
Os problemas culminaram no domingo no resgate de 4,9 bilhões de euros do BES -um dos maiores grupos financeiros do país, com 10 por cento na Portugal Telecom-- composto na maior parte por empréstimos estatais. A exposição do banco aos ativos da família foi deixada num "banco ruim" que será gradualmente liquidado enquanto um banco novo e saudável será vendido a investidores.
(Por Andrei Khalip)