PEQUIM (Reuters) - A China prometeu expandir sua economia digital de 3,8 trilhões de dólares e criar empregos em novos setores, como big data e inteligência artificial (IA), conforme a segunda maior economia do mundo busca deixar de ser dependente de indústrias pesadas poluidoras.
A China está no meio de uma reestruturação de longo prazo que viu o declínio das indústrias de baixo custo e o surgimento de fábricas de maior valor que produzem desde produtos de robóticas a drones.
Mas a intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos, maior parceiro comercial chinês, tem despertado temores de que a projeto de Pequim para impulsionar a indústria de alta tecnologia sob o plano "Made in China 2025" possa ser comprometido.
Nos últimos meses, os departamentos e agências governamentais chinesas, como a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês), vêm afirmando seu compromisso com a reestruturação de longo prazo, que Pequim vê como uma forma de reduzir a dependência do comércio e de outros fatores externos de crescimento.
A China fará mais avanços em sua economia digital, incluindo a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), big data, computação em nuvem e inteligência artificial, disse a NDRC nesta quarta-feira. Esses setores serão novos motores para a criação de empregos até 2025, disse o órgão de planejamento estatal.
O país deveria embarcar em uma trajetória de autodependência em meio ao aumento do unilateralismo e do protecionismo comercial, afirmou o presidente Xi Jinping, segundo o jornal estatal People's Daily, enquanto realizava uma visita de inspeção às fábricas na província de Heilongjiang.
Isso não é uma coisa ruim, disse Xi, já que ao final a China vai contar com si mesma.
A NDRC disse que também aumentará o apoio financeiro para ajudar novas indústrias a se expandirem, incluindo a captação de fundos no mercado de capitais.
Mais cedo neste mês, o governo chinês assinou um acordo com o China Development Bank, um grande financiador de políticas, para oferecer 100 bilhões de iuanes (14,55 bilhões de dólares) em apoio financeiro à iniciativa digital.
A economia digital da China cresceu 18 por cento para 26 trilhões de iuanes (3,8 trilhões de dólares) no ano passado, o equivalente a um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo a Academia Chinesa de Tecnologia da Informação e Comunicações.
Os setores tradicionais serão digitalizados, levando mais trabalhadores a mudar de emprego, disse a NDRC, acrescentando que a China também buscará atrair talentos estrangeiros.
Pequim está proibindo o acréscimo de novas capacidades em setores manufatureiros de baixo custo, como têxteis, móveis, alimentos e produtos químicos, disse o Beijing Daily nesta quarta-feira.
Mas a fabricação de veículos movidos a novas energias e de robôs industriais será permitida.
A economia digital também deve ajudar a modernizar a agricultura, com a China interessada em rejuvenescer as envelhecidas áreas rurais, de acordo com a NDRC.
(Por Stella Qiu e Ryan Woo)((Tradução Redação São Paulo; +55 11 56447509))REUTERS TH RBS