Por Dustin Volz
WASHINGTON (Reuters) - Autoridades de inteligência dos Estados Unidos vão testemunhar no Congresso nesta quinta-feira sobre os supostos ciberataques da Rússia durante a campanha eleitoral de 2016, mesmo após o presidente eleito Donald Trump ter questionado as descobertas de agências de inteligência de que Moscou orquestrou os ataques.
As audiências acontecem um dia antes de Trump ser oficialmente informado por chefes de agências de inteligência sobre os ataques hackers que afetaram o Partido Democrata, cuja candidata Hillary Clinton foi derrotada por Trump na eleição presidencial.
Trump arrisca entrar em conflito sobre esta questão tanto com democratas quanto com republicanos no Congresso, muitos dos quais desconfiam de Moscou e não apoiam os elogios do empresário nova-iorquino ao presidente russo, Vladmir Putin, assim como seus esforços para superar as rixas entre os EUA e a Rússia.
O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, o diretor da Agência Nacional de Segurança, Mike Rogers, e o subsecretário de Defesa para Inteligência, Marcel Lettre, comparecerão perante o Comitê das Forças Armadas do Senado, encabeçado pelo republicano John McCain, um duro crítico de Putin.
Os depoimentos sobre ameaças cibernéticas aos EUA acontecem uma semana após o presidente Barack Obama ter ordenado a expulsão de território norte-americano de 35 russos suspeitos de espionagem e da imposição de sanções contra duas agências de inteligência russas por conta de seu alegado envolvimento no ciberataque contra grupos políticos norte-americanos durante a campanha presidencial de 2016.
Agências de inteligência dos EUA dizem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes da eleição presidencial, uma conclusão apoiada por diversas empresas de segurança cibernética. Moscou nega as acusações.
A inteligência norte-americana também disse que os ciberataques russos buscaram ajudar Trump a derrotar a democrata Hillary nas eleições de 8 de novembro. Diversos republicanos reconhecem que houve ação de hackers russos durante a eleição, mas não conectam os ataques a um esforço para ajudar Trump.
Documentos roubados do Comitê Nacional do Partido Democrata (DNC) e de John Podesta, gerente de campanha de Hillary, foram vazados para a imprensa antes da eleição, constrangendo a campanha da democrata.
Na quarta-feira, Trump disse pelo Twitter: “(O fundador do WikiLeaks) Julian Assange disse que ‘um rapaz de 14 anos poderia ter hackeado Podesta’ - por que o DNC foi tão descuidado? Também disse que não foram os russos que lhe deram a informação!”
Trump e seus assessores acreditam que democratas estejam tentando comprometer a legitimidade de sua vitória eleitoral ao acusar autoridades russas de ajudá-lo.
(Reportagem adicional de Patricia Zengerle e Mark Hosenball em Washington)