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Coronavírus força varejistas brasileiras a fechar portas e dobrar apostas no comércio eletrônico

Publicado 19.03.2020, 20:54
© Reuters.
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Por Gabriela Mello

SÃO PAULO (Reuters) - Varejistas brasileiras começaram a sentir o impacto da epidemia de coronavírus, conforme shopping centers fecham as portas e a população atende aos apelos de autoridades para ficar em casa, mas um segmento da indústria ainda pode se beneficiar da crise: o comércio eletrônico.

A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) informou nesta quinta-feira que deve em breve revisar a estimativa de faturamento em 2020, já que alguns sites têm registrado desde 12 de março alta de até 180% nas vendas, em especial de itens alimentares e farmacêuticos.

Antes do coronavírus, a ABComm previa alta de 18% da receita do comércio eletrônico do país em 2020, a 106 bilhões de reais.

Com o número de casos confirmados subindo para 621 ante 193 na quarta-feira, os brasileiros estão restringindo hábitos de consumo a mercadorias essenciais encontradas especialmente em farmácias e supermercados, os chamados setores "defensivos".

As ações da subsidiária local do grupo varejista francês Carrefour (SA:CRFB3) subiram mais de 12% em relação ao fechamento de sexta-feira, superando o desempenho do rival GPA (SA:PCAR3), cujos papéis caíram 1,6% no mesmo período.

Ainda assim, ambas vem tendo desempenho significativamente melhor que outras varejistas de bens duráveis como Via Varejo (SA:VVAR3) e Magazine Luiza (SA:MGLU3), cujas ações desabaram mais de 47% e 27%, respectivamente, entre o fechamento do dia 13 de março e o desta quinta-feira.

"Eletrodoméstico, eletrônicos e vestuário são hábitos de compra que podem ser adiados, diferentemente de alimentos e remédios que são sempre necessários", explicou a co-chefe de renda variável da Eleven Financial Research, Daniela Bretthauer.

Ela também observou que muitas das varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos têm lojas dentro de shopping centers, que agora estão fechando as portas para cumprir com as recomendações de autoridades para evitar a concentração de pessoas.

Somente nesta quinta-feira, o fluxo de visitantes em shopping centers brasileiros desabou quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme levantamento da FX Retail Analytics em parceria com a startup de finanças F360º e com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Desde 14 de março, a queda acumulada beira 26% ano a ano.

Considerando lojas físicas de rua, a pesquisa aponta recuo superior a 22% no fluxo de visitantes entre 14 e 18 de março, em relação a igual intervalo de 2019.

Enquanto algumas varejistas são forçadas a suspender as atividades, outras estão tomando a iniciativa de fechar as lojas físicas para concentrar as operações no comércio eletrônico.

Uma delas é a Lojas Renner (SA:LREN3), maior varejista de moda do país, que mais cedo anunciou o fechamento de todas as lojas no Brasil, Argentina e Uruguai por tempo indeterminado a partir de 20 de março. A operação de comércio eletrônico da empresa seguirá funcionando no Brasil, com menos colaboradores.

(Reportagem de Gabriela Mello)

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