Por Helen Coster
(Reuters) - Raleigh Smith Duttweiler estava dobrando a roupa lavada em sua casa no Estado de Ohio enquanto seus filhos jogavam o game Minecraft no andar de cima, quando escutou uma reportagem no rádio sobre novas regras na China que proíbem crianças e adolescentes com menos de 18 anos de jogarem videogame por mais de três horas por semana.
"Oh, está aí uma ideia", pensou Duttweiler, que trabalha na área de relações públicas em uma organização sem fins lucrativos. "Meu instinto de americana me diz: esse é um tipo de restrição de direitos e ninguém tem o direito de dizer o que fazer dentro de nossas casas".
"Por outro lado, não é muito bom para as crianças jogarem tanto quanto mesmo os meus filhos jogam. E eu acredito sim que seria muito mais fácil desligar o jogo se aquilo não significasse uma discussão com a mãe, mas fosse algo na linha de "foi a polícia que mandou".
Para Duttweiler e para muitas famílias fora da China, as notícias dessa rígida medida de intervenção social no país --que, segundo o governo chinês, era necessária para frear um vício crescente no que já foi descrito como um "ópio espiritual"-- ressalta um desafio para regular o uso de videogames dentro de suas próprias casas, especialmente durante a pandemia.
A agência reguladora chinesa afirmou que as novas regras eram uma resposta às crescente preocupações de que os games possam afetar a saúde física e mental das crianças, um temor compartilhado por pais e especialistas nos Estados Unidos e outros países.
Paul Morgan, um pai de dois adolescentes e professor da Universidade Penn State que pesquisa o uso de dispositivos eletrônicos, vê falhas na proibição, ao mesmo tempo em que reconhece o desafio de controlar o tempo de tela das crianças. "Os dispositivos eletrônicos são onipresentes", disse Morgan. "É hora de afastar as crianças deles".
(Reportagem de Helen Coster em Nova York)