Por Ernest Scheyder
(Reuters) - Os Estados Unidos enfrentam o duro desafio de criar sua própria cadeia de fornecimento de veículos elétricos, dizem analistas, diante do volume desconhecido de reservas de metal do país e de poucas instalações para processar minerais e produzir baterias.
A legislação que tramita no Congresso dos EUA visa ajudar a compensar essas lacunas, mas a China continua a ser a líder do setor de veículos elétricos global, um domínio visto por alguns como difícil de superar.
"A China tem uma grande vantagem", disse Gavin Montgomery, analista de baterias e mineração da consultoria Wood Mackenzie. "Ela está nessa área há muito mais tempo que o resto do mundo".
A senadora norte-americana Lisa Murkowski, presidente do Comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado, apresentou no início deste mês a Lei de Segurança Mineral Americana para ajudar a simplificar a regulamentação e requisitos melhores para o desenvolvimento de minas de grafite e outros minerais EV.
A legislação, que visa em parte codificar uma ordem executiva do final de 2017 sobre o desenvolvimento mineral dos EUA, recebe sua primeira audiência diante do comitê de Murkowski nesta terça-feira.
Mas o quanto de cobalto e outros minerais usados para fazer os veículos elétricos existe realmente no país é um mistério, já que o país realizou poucas pesquisas.
As estimativas atuais do Serviço Geológico dos EUA (USGS) baseiam-se em relatórios anuais corporativos, dados históricos do Departamento de Minas dos EUA e outras fontes, de acordo com o porta-voz do USGS, Alex Demas.
Descobrir a composição mineral de uma determinada região requer o envio de pessoal para o campo, a fim de obter amostras de rochas, um esforço caro. A legislação de Murkowski exigiria uma análise nacional de reservas para todos os minerais usados para fazer veículos elétricos.
Dados do USGS mostram, por exemplo, que os Estados Unidos têm 35 mil toneladas de lítio em reserva, um número que a agência e os executivos do setor consideram conservador.
A Albemarle opera a única mina de lítio dos EUA, uma instalação com capacidade para produzir cerca de 6 mil toneladas por ano. Segundo dados atuais do USGS, isso significa que uma mina pode esgotar as reservas dos EUA dentro de seis anos.
Além das reservas físicas, as preocupações com a falta de instalações de processamento nos EUA também preocupam.
A China controla cerca de 85% do processamento mundial de sulfato de cobalto, segundo dados do WoodMac. O sulfato de cobalto é a versão do metal usado nas baterias de íon de lítio.
A eCobalt pretende produzir 1.500 toneladas por ano de cobalto assim que o projeto de Idaho começar, embora isso seja suficiente apenas para produzir cerca de 300 mil veículos.
Mas essas instalações tendem a ser a exceção e os investidores até agora têm sido cautelosos em financiar novos projetos dos EUA em parte devido ao domínio da China, com receio de que qualquer investimento seja difícil de recuperar.