Por Douglas Busvine
FRANKFURT (Reuters) - A chinesa Huawei Technologies vai abrir um novo laboratório de segurança de informações na Alemanha no próximo mês que permitirá análises de código-fonte, em um passo para ganhar a confiança dos reguladores antes do leilão de espectro de tecnologia móvel 5G.
A medida segue a decisão da Austrália de proibir a Huawei de fornecer equipamentos 5G devido a preocupações de que poderia facilitar a espionagem chinesa. A empresa também banida de alguns contratos do governo dos Estados Unidos por motivos de segurança nacional.
A Alemanha, que não possui uma indústria própria de hardware de telecomunicações, está mais interessada em manter seus tradicionais laços comerciais e de investimento com Pequim, sem comprometer sua própria segurança cibernética, disseram autoridades.
O Escritório Federal de Segurança da Informação (BSI, na sigla em inglês) informou que a Huawei abrirá o laboratório em 16 de novembro, em Bonn, onde o BSI e outros órgãos reguladores estão sediados.
Também sediada na antiga capital alemã está a Deutsche Telekom, a líder de mercado parcialmente estatal que mantém estreitos laços comerciais com a Huawei.
O laboratório vai facilitar as revisões de código-fonte, disse uma autoridade do BSI. Isso implica examinar a linguagem de programação usada para rodar equipamentos de rede, por exemplo, em busca de vulnerabilidades como "back doors" que possam permitir que agências de espionagem obtenham acesso secreto aos dispositivos.
"Temos de lidar com a realidade de que existem poucos fabricantes de hardware na Alemanha - eles vêm do exterior", disse uma autoridade do BSI à Reuters. "Com base nessa realidade, temos que alcançar o melhor nível de segurança possível."
A Huawei fez parte de um grupo de provedores de telecomunicações e fornecedores de equipamentos de rede que participaram de uma oficina organizada pelo BSI na semana passada para abordar a segurança nas redes 5G, que permitem o desenvolvimento de fábricas conectadas, carros autônomos e telemedicina.
A empresa se recusou a comentar sobre qualquer cooperação com as autoridades alemãs, mas disse: "A segurança da informação é absolutamente fundamental para tudo o que fazemos".
No Reino Unido, a Huawei já está sujeita ao escrutínio de um conselho de supervisão independente e montou um laboratório de tecnologia em 2010 para facilitar seu trabalho.
A Huawei diz que nenhuma inspeção jamais encontrou vulnerabilidades que permitiriam acesso de terceiros às redes que construiu, mas o conselho de supervisão do Reino Unido recentemente apontou falhas técnicas e da cadeia de suprimento nos equipamentos da empresa.
(Por Douglas Busvine)