Por Julie Gordon e Anna Mehler Paperny
VANCOUVER/TORONTO (Reuters) - A vice-presidente financeira da chinesa Huawei Technologies, que está presa no Canadá, deve comparecer a um tribunal de Vancouver nesta sexta-feira para uma audiência de fiança enquanto aguarda possível extradição para os Estados Unidos.
A executiva, Meng Wanzhou, 46 anos, que também é filha do fundador da empresa, foi detida em 1º de dezembro a pedido do governo norte-americano. A prisão, revelada pelas autoridades canadenses na noite de quarta-feira, é parte de uma investigação dos EUA sobre um suposto esquema para usar o sistema bancário global para contornar as sanções de Washigton contra o Irã, disseram pessoas a par do assunto.
A notícia abalou os mercados acionários globais pelo temor de que a medida possa agravar uma guerra comercial entre os EUA e a China, após uma trégua ter sido acordada no sábado entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
Trump não sabia sobre a prisão antecipadamente, disseram duas autoridades norte-americanas na quinta-feira, em uma aparente tentativa para evitar que o incidente impeça as negociações para resolver a disputa comercial.
Os detalhes do caso contra Meng ainda são escassos. O Departamento de Justiça do Canadá se recusou a fornecer detalhes sobre o caso e Meng conseguiu uma proibição de publicação, o que restringe a capacidade da imprensa de informar sobre as provas ou documentos apresentados no tribunal.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse nesta sexta-feira que nem o Canadá nem os EUA forneceram à China evidências de que Meng violou qualquer lei nesses dois países, e reiterou a exigência de Pequim de que ela seja libertada.
A Huawei, que confirmou a prisão de Meng, disse na quarta-feira que "a empresa recebeu poucas informações sobre as acusações e não tem conhecimento de qualquer irregularidade da Sra. Meng".
A equipe da Huawei, informada por um memorando interno, disse à Reuters nesta sexta-feira que a companhia havia nomeado o presidente do conselho Liang Hua como vice-presidente financeiro, após a prisão de Meng.
A mídia estatal chinesa criticou a detenção de Meng, acusando os EUA de "sufocar" a Huawei e frear sua expansão global.
(Por Julie Gordon e Anna Mehler Paperny)