Por Gina Cherelus
(Reuters) - Um juiz federal dos Estados Unidos condenou a ex-prestadora de serviços de inteligência Reality Winner a mais de cinco anos de prisão nesta quinta-feira depois que ela admitiu ter vazado à imprensa um relatório ultrassecreto sobre a interferência da Rússia nas eleições dos EUA, informou seu advogado.
Em junho Reality, de 26 anos, que já passou quase dois anos presa, admitiu ter passado o relatório da Agência de Segurança Nacional (NSA) à publicação The Intercept em 2016. Ela será beneficiada pelo tempo que passou confinada antes do julgamento, disse um de seus advogados, Titus Nichols.
Durante uma audiência em Augusta, na Georgia, cidade-natal de Reality, o juiz James Hall aprovou o pedido de seus advogados de uma pena de 63 meses seguidos por três anos de liberdade supervisionada, disse Nichols – a sentença mais longa já atribuída a uma pessoa por revelar informações do governo de forma ilegal, segundo ele.
"A pena e o acordo de confissão que a acompanha refletem que Reality reconhece que ações têm consequências, e que ela aprendeu com seu erro e está preparada para aceitar as consequências de suas ações", afirmaram os advogados da condenada em um comunicado.
O juiz Hall também concordou em permitir que ela seja transferida para uma prisão federal em Fort Worth, no Texas, onde terá acesso a serviços médicos e ficará mais próxima da família.
Procuradores federais disseram que sua sentença superior a cinco anos é adequada porque Reality traiu a confiança de seus colegas e de seu país.
"Não se enganem: ISTO NÃO FOI UM CRIME SEM VÍTIMAS", disse o procurador Bobby Christine em um comunicado. "A violação proposital de Winner colocou a segurança de nossa nação em risco... ela foi a quintessência do exemplo de uma ameaça interna".
Reality trabalhava na Pluribus International Corp, empresa que presta serviços analíticos para agências norte-americanas de defesa e inteligência.
O documento da NSA que ela entregou ao veículo de notícias continha detalhes técnicos do que disse serem tentativas russas de espionar ciberneticamente autoridades eleitorais dos EUA e hackear um fabricante de urnas eletrônicas antes da eleição presidencial de 2016, disseram duas autoridades a par do caso.
Reality admitiu ter imprimido intencionalmente uma cópia do relatório de inteligência em seu escritório e o enviado à publicação. Ela foi indiciada por retenção e transmissão proposital de informações de defesa nacional, delito que implica uma pena máxima de 10 anos de prisão, mostraram autos.