A indústria de aparelhos eletrônicos vem gradualmente sentindo menor dificuldade de abastecimento. Porém, a recuperação mostra-se bastante discreta, com a persistente irregularidade no fornecimento de peças ainda prejudicando a produção de grande parte das fábricas.
Segundo sondagem com associados da Abinee, entidade que representa a indústria de produtos eletroeletrônicos, as fábricas com dificuldade de encontrar semicondutores no mercado caiu no mês passado para 62% do total cujos produtos dependem desse item. Embora considerado muito alto, o porcentual é o menor em um ano.
A escassez internacional de chips se tornou o maior gargalo do setor e, com os lockdowns na China, incluindo o fechamento do porto de Xangai por dois meses, a dificuldade de adquirir semicondutores chegou a ocorrer, no mês de maio, em três a cada quatro empresas (75%).
Durante o mês passado, 48% das fábricas de aparelhos eletroeletrônicos tiveram atrasos ou, em menor parte, parada de parte da produção por insuficiência de componentes eletrônicos. Depois de bater no pico de 57% em maio, a parcela já tinha recuado para 50% em junho.
Com os gargalos logísticos desde o início da pandemia, agravados pela combinação de guerra na Ucrânia com lentidão no desembaraço das mercadorias por causa da operação-padrão dos fiscais da Receita Federal, os indicadores da Abinee sugerem que a situação segue distante da normalidade. Mais da metade (55%) das fábricas de produtos como celular, notebook e tevês aguarda apenas para o ano que vem a normalização no abastecimento de componentes eletrônicos. Há divisão entre as empresas se a regularização de fluxo acontecerá no primeiro ou no segundo semestre.
A cada cinco fábricas de produtos eletroeletrônicos, uma (21%) continua com estoques de componentes e matérias-primas abaixo do normal. Nas importações das peças, 65% ainda se queixam, conforme o levantamento da Abinee, dos atrasos no recebimento das cargas - o maior número dos últimos três meses.