SÃO PAULO (Reuters) - A companhia brasileira de tecnologia FlyHelo pretende lançar nos próximos dias voos com jatos executivos para as principais capitais do país, ampliando operações em um mercado que possui a terceira maior frota de aviões executivos do mundo, segundo afirmou o presidente da empresa, Hadrien Royal.
A empresa foi lançada em maio na capital paulista, atuando em parceria com operadoras de aeronaves e oferecendo via aplicativo Helo voos que incluem a capital paulista e o litoral norte do Estado.
"Vimos que não tinha nenhuma solução digital para agilizar a gestão de aviação executiva no Brasil e viemos como uma ideia de trazer uma solução para este mercado", disse Royal. "Lançamos a empresa há cerca de um mês e já fizemos 50 voos de helicópteros para litoral e interior de São Paulo."
Segundo ele, com a ampliação da oferta para jatos, a perspectiva é ter 300 voos até as Olimpíadas.
Royal afirmou que atualmente voam na aviação comercial privada no Brasil 120 milhões de passageiros por ano, com a ponte aérea Rio-São Paulo uma das maiores do mundo em volume de passageiros. Além disso, ele calcula a frota executiva no Brasil em mais de mil aeronaves.
A empresa negocia com investidores estrangeiros para reforçar sua estrutura de capital, disse o executivo francês sem dar detalhes sobre as negociações.
"Estamos completando um movimento estratégico neste sentido (...) mas pretendemos ter uma estrutura completamente brasileira", disse Royal.
Atualmente a empresa opera voos com jatos executivos entre São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória e João Pessoa, e deve lançar nos próximos dias mais capitais do país.
A companhia obtém receita por meio de comissões acertadas com as empresas operadoras, disse Royal. O preço de um assento em um voo com jato executivo para seis passageiros entre os aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dummont (RJ) sai por 1.490 reais por usuário. O funcionamento é semelhante ao de voos charter, em que não é necessário passar por balcões de check-in.
Comparativamente, o executivo afirma que o aluguel de um avião para a mesma rota teria um custo de 15 mil a 17 mil reais.
A Fly Helo foi lançada no momento em que empresas de tecnologia estão avançando no Brasil. A norte-americana Uber anunciou nesta semana um serviço promocional de transporte com helicópteros na cidade paulista, afirmando ser a primeira do mundo em que disponibilizou o serviço. A espanhola Cabify, que estreou recentemente no país, tem avaliado planos de lançar um serviço com helicópteros na cidade.
Royal afirma que a FlyHelo não é competidora direta do Uber ou da Cabify, pois foca na aviação executiva. O público alvo da empresa são executivos de 25 a 40 anos, com renda elevada.
"Não somos competidores. As pessoas que estão voando de Uber agora estão testando isso a um preço quase de graça, o que não é sustentável. Isso não tem nada a ver com o perfil do usuário de helicóptero e jato executivo (...) Porém, isso traz muita visibilidade ao mercado e vai ajudar a desenvolver esse segmento", afirmou Royal.
O Uber lançou o serviço com helicópteros em caráter de teste, cobrando nesta semana preços promocionais entre 66 e 271 reais. Segundo o presidente da FlyHelo, "isso não cobre nem 5 por cento do custo da aeronave".
Procurada, a Uber afirmou em comunicado que "ao dar escala para esse tipo de transporte, é possível abaixar o valor, já que o equipamento será muito mais usado".
Royal afirmou que o foco da FlyHelo é se consolidar no mercado de São Paulo nos próximos meses, mas que deve lançar novas bases de operação no país até o fim do ano. A empresa também pode fazer uma parceria com um aplicativo de transporte terrestre, para facilitar a chegada de usuários às aeronaves, mas prefere por ora prover a experiência completa incluindo à chegada a helipontos e aeroportos.
(Por Alberto Alerigi Jr.)