Por James Pomfret
HONG KONG (Reuters) - A fabricante chinesa de equipamentos para telecomunicações Huawei anunciou neste sábado que demitiu um funcionário chinês que foi preso por acusações de espionagem na Polônia, com a empresa buscando se distanciar do incidente.
Autoridades polonesas detiveram Wang Weijing e um ex-oficial de segurança polonês na sexta-feira por causa das acusações, o que poderia intensificar as preocupações com a segurança ocidental sobre a Huawei e suas relações com o governo chinês.
Huawei disse em um comunicado que "supostas ações de Wang não têm relação com a empresa".
"De acordo com os termos e condições do contrato de trabalho da Huawei, tomamos essa decisão porque o incidente levou a Huawei ao descrédito", disse o comunicado.
Um porta-voz dos serviços de segurança poloneses havia dito à Reuters antes que as alegações estavam relacionadas a ações individuais e não estavam ligadas diretamente à empresa chinesa.
Os dois homens ouviram as acusações e podem ficar detidos por três meses.
Joe Kelly, porta-voz da Huawei, se recusou a dar mais detalhes.
A Huawei, maior produtora de equipamentos de telecomunicações do mundo, enfrenta um intenso escrutínio no Ocidente por causa de sua relação com Pequim e com as alegações dos Estados Unidos de que seu equipamento poderia ser usado pela China para espionagem.
Nenhuma evidência foi produzida publicamente e a empresa negou repetidas vezes as acusações, mas vários países ocidentais restringiram o acesso da Huawei a seus mercados.
"A Huawei cumpre todas as leis e regulamentos aplicáveis nos países em que opera e exigimos que todos os funcionários respeitem as leis e regulamentos dos países onde estão baseados", acrescentou o comunicado da empresa.
Em Varsóvia, o ministro de assuntos internos da Polônia, Joachim Brudzinski, disse que a União Europeia e a Otan deveriam trabalhar em uma posição conjunta sobre a exclusão da Huawei de seus mercados.
"Também há preocupações sobre a Huawei dentro da Otan. Seria mais sensato ter uma posição conjunta entre os membros da UE e os membros da Otan", disse ele à emissora privada RMF FM. "Queremos relações com a China que sejam boas, intensivas e atraentes para os dois lados".
O Ministério das Relações Exteriores da China expressou preocupação com o caso e está pedindo à Polônia que cuide do caso "com justiça".
(Reportagem adicional de Anna Koper em Varsóvia)