Por Kate Holton e Joshua Franklin
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - Os motoristas da Uber (NYSE:UBER) em Londres e Nova York começaram um dia de greves nesta quarta-feira para protestar contra a disparidade entre as condições de trabalho e as somas que os investidores provavelmente ganharão na estréia da empresa no mercado de ações.
Motoristas e reguladores de todo o mundo há muito tempo criticam as táticas de negócios da Uber, e a valorização esperada de 90 bilhões de dólares que deve ser atribuída à empresa pela oferta pública inicial de ações na sexta-feira está provando ser o mais recente ponto de discórdia.
Sindicatos no Reino Unido disseram que o apoio à greve era forte, com motoristas ficando em casa e passageiros usando a hashtag #UberShutDown para prometer solidariedade nas mídias sociais.
Além de Londres, motoristas em Nova York, Chicago, Los Angeles, São Francisco e em outras grandes cidades dos Estados Unidos prometiam adesão ao movimento. No Brasil, parte dos motoristas da plataforma se organizou pelas redes sociais para aderir à paralisação. Atos de protesto em frente à sede da Uber e no Vale do Anhangabaú, em São Paulo eram planejados. Pelo menos outras três capitais brasileiras - Curitiba, Campo Grande e Salvador - também registravam protestos segundo veículos locais de imprensa. Procurada no Brasil, a Uber não comentou o assunto.
A companhia tem 3 milhões de motoristas cadastrados em seu aplicativo no mundo e não ficou claro se os protestos diminuirão significativamente o serviço.
O presidente-executivo da Uber, Dara Khosrowshahi, contratado para ajudar a empresa a superar uma série de escândalos e realizar o IPO, prometeu tratar melhor os motoristas.
A Uber está pagando a mais de 1 milhão de motoristas cerca de 300 milhões de dólares em bônus únicos, por exemplo, e mudou suas políticas, incluindo possibilidade dos usuários do aplicativo darem gorjetas aos motoristas.
"São os motoristas que criaram esta riqueza extrordinária, mas eles continuam a negar mesmo os mais básicos direitos trabalhistas", disse James Farrar, presidente da entidade britânica United Private Hire Drivers.
"Eles cresceram e cresceram e ficaram cada vez mais ricos, mas eu não cresci com a empresa. Minha condição como motorista Uber piorou", disse Syed Ali, motorista da Uber e integrante da Aliança de Motoristas de Táxi de Nova York.