Por Sarah Marsh
HAVANA (Reuters) - Notícias falsas se espalharam rapidamente na esteira de protestos inéditos em Cuba no domingo passado, entre elas a de que Raúl Castro havia fugido para a Venezuela, que manifestantes haviam sequestrado um chefe de província do Partido Comunista e que o governo venezuelano estava enviando tropas à ilha.
O governo cubano disse que os boatos foram disseminados por contrarrevolucionários, enquanto os críticos disseram que podem ter vindo das próprias autoridades. Nenhum lado apresentou indícios de suas alegações, e a Reuters não conseguiu determinar a origem dos relatos.
Cuba disse que as notícias falsas, que se propagaram nas redes sociais e em aplicativos de mensagens, são parte de uma tentativa mais abrangente de contrarrevolucionários de desestabilizar o país, com apoio dos Estados Unidos.
"Que calúnias, que mentiras", disse o presidente Miguel Díaz-Canel na noite de quarta-feira, expondo algumas das fake news em uma mesa redonda na televisão. "A maneira como eles estão usando as redes sociais é venenosa e alienante".
"É uma expressão do terrorismo da mídia", acrescentou.
Críticos do governo disseram que as autoridades podem estar plantando os relatos para turvar as águas virtuais com desinformação e semear confusão para que ninguém confie em notícias futuras sobre tumultos.
"Com frequência, é a segurança estatal lançando este tipo de rumores para mais tarde... dizer que são campanhas dirigidas do exterior para manipular os cubanos para que as pessoas parem de confiar em informações circulando fora do controle do governo", escreveu o especialista em comunicações José Raul Gallego, radicado no México, no Facebook.
(Reportagem adicional de Nelson Acosta)