SÃO PAULO (Reuters) - A Positivo Informática vai retomar a partir de sexta-feira a venda de computadores pessoais Vaio no Brasil, em uma tentativa de atingir clientes de maior poder aquisitivo e melhorar as margens da companhia num cenário de forte retração do setor.
A marca foi vendida em 2014 pela japonesa Sony para o grupo Japan Industrial Partners. Desde setembro do ano passado, parou de ser vendida no Brasil. No acordo com a Positivo, a Vaio ficará encarregada do desenho e engenharia dos produtos, e a Positivo cuidará da produção, distribuição e assistência técnica.
"Na estratégia da Positivo, a Vaio cai bem, porque a trajetória da empresa sempre foi voltada mais para a classe média", disse o presidente da Positivo, Hélio Rotenberg, em coletiva de imprensa. "Não vai haver sobreposição", completou, referindo-se ao foco da Vaio em computadores mais sofisticados.
De acordo com Rotenberg, o mercado de notebooks para o público de alta renda tem sofrido menos com a desaceleração econômica. No ano passado, as vendas no mercado total de computadores pessoais tiveram queda de 26 por cento, para 10,3 milhões de unidades. Desse total, 1,6 milhão corresponderam a computadores "premium".
Segundo Rotenberg, a expectativa é que a incorporação das vendas da Vaio, assim como dos smartphones da marca Quantum lançados em setembro, tragam algum impacto positivo no balanço da empresa no quarto trimestre, ainda que não compensando o cenário desafiador de 2015.
De acordo com ele, o impacto será maior em termos de margem do que em volume, uma vez que os preços dos notebooks da Vaio chegam a ser cerca de duas vezes mais caros que os da Positivo.
Os notebooks Vaio Fit 15F, com telas de 15,6 polegadas e processadores Intel Core de quinta geração, serão vendidos a partir de sexta-feira inicialmente por varejistas online por entre 2,7 mil e 5 mil reais, dependendo das configurações. Outros modelos serão lançados nos próximos meses.
Os valores de lançamento dos computadores Vaio foram estabelecidos com base em um dólar na faixa de 3,80 a 3,90 reais, disse o executivo. "Vamos revisar de acordo com o mercado. Se baixar o dólar, reduziremos e vice-versa", declarou Rotenberg, completando que a volatilidade da moeda norte-americana tem pressionado as margens da companhia e do setor.
No primeiro semestre, a Positivo teve queda de 31 por cento nas vendas de PCs e tablets na comparação com o mesmo período do ano passado, para cerca de 851 mil unidades. O prejuízo somou 28 milhões de reais no período, após lucro líquido de 4,5 milhões um ano antes.
Para este ano, a previsão da empresa de pesquisa de mercado IDC é que as vendas no mercado de PCs do Brasil caiam 30 por cento, para 7,4 milhões de unidades. Já a expectativa para os tablets é de retração de 29,5 por cento, para 6,675 milhões.
(Por Luciana Bruno)