Por John Geddie e Aradhana Aravindan
CINGAPURA (Reuters) - Com o clique de um botão, as forças de segurança de Cingapura poderão em breve usar uma versão digital da cidade-Estado para simular uma ameaça de bomba em um estádio e aprender como responder em caso de um ataque real.
No entanto, as autoridades temem que o "Cingapura Virtual", que estará disponível em breve para as agências estatais do país, também possa ajudar os conspiradores terroristas que o governo diz terem a rica ilha como alvo.
Esta é apenas uma das muitas questões de segurança enfrentadas pelos desenvolvedores do modelo 3D do país que será alimentado por big data e pode ajudar em tudo, desde o planejamento urbano até a mitigação de desastres na cidade de 5,6 milhões de pessoas.
Desenvolvedores e especialistas dizem que o esquema é um dos mais ambiciosos do gênero e será acompanhado de perto por outras cidades na esperança de usar novas tecnologias para melhorar a vida dos cidadãos.
"Estas informações ajudarão nosso cotidiano, mas também poderão cair em mãos erradas e criar problemas para Cingapura", disse George Loh, diretor de programas da Fundação Nacional de Pesquisa, um departamento do gabinete do prmeiro-ministro que lidera o projeto há mais de três anos.
"Precisamos pensar sobre isso. Precisamos dar dois ou três passos à frente", afirmou Loh à Reuters.
O pesquisador disse que algumas autoridades consideram o sistema "muito perigoso" porque militantes, por exemplo, podem tentar acessar detalhes como a altura ou a vista dos prédios para planejar ataques de franco-atiradores.
A segurança cibernética também passou a ser uma preocupação depois que o país sofreu sua maior violação de dados este ano, na qual 1,5 milhão de pessoas, incluindo o primeiro-ministro, tiveram suas informações roubadas.
O "Cingapura Virtual" será restrito a computadores não conectados à rede mundial, a chamada "internet de separação", quando for lançada nos escritórios do governo nos próximos meses.
Os problemas se tornam mais complexos quando se decide sobre a quantidade e a precisão dos dados que estarão disponíveis para os cidadãos usando o modelo 3D em uma data posterior.
"Se não for preciso o suficiente, ninguém usará a plataforma. Mas se for muito preciso, então há um problema. A questão é a troca e como lidamos com as ameaças que enfrentaríamos", disse Loh.
O projeto "Cingapura Virtual", de 73 milhões de dólares de Cingapura (53 milhões de dólares) faz parte do plano "Nação Inteligente" do governo para usar tecnologia de ponta para melhorar a vida das pessoas.
O governo prometeu ser sensível à privacidade, e Loh disse que alguns dados sobre o projeto 3D podem permanecer anônimos para lidar com tais preocupações.
(Por John Geddie e Aradhana Aravindan)