SÃO FRANCISCO, Estados Unido (Reuters) - A Pandora Media espera voltar ao futuro sob o comando do co-fundador Tim Westergren e um foco renovado em dados sobre hábitos musicais de mais de 81 milhões de pessoas.
Wall Street, porém, não se mostra entusiasmada pela estratégia já que as ações da Pandora caíram mais de 10 por cento na semana passada e estão sendo negociadas perto de mínimas históricas após a indicação de Westergren para o posto de presidente-executivo.
Afetada por um modelo de negócios que força a empresa a pagar a maior parte de suas receitas em royalties e enfrentando concorrência de Apple, Google, Amazon.com e outros gigantes, a Pandora não obtém lucro desde que abriu seu capital na bolsa de valores, em 2011.
Apesar disso, a virada recente da Pandora para se concentrar em sua tecnologia, uma decisão que Westergren deve acelerar, oferece alguns lampejos de esperança, afirmam analistas.
Westergren, um ex-músico, liderou o projeto Music Genome da Pandora, um sistema de categorização de música pioneiro que usa centenas de características para descrever canções e um complexo algoritmo para organizá-las.
A Pandora pretende usar este sistema, bem como os dados de hábitos musicais dos usuários, para melhorar suas recomendações de faixas e serviços de descoberta.
Apesar de praticamente todos os serviços de música utilizarem dados em larga escala, muitos acadêmicos consideram o banco de dados da Pandora como superior, citando o sistema proprietário de categorização, o tempo em operação da empresa e o grande número de usuários mensais ativos.
A Pandora foi de alguma forma lenta para explorar sua base de dados. A empresa só foi contratar seu primeiro cientista de dados em 2009, deixando seus engenheiros de software encarregados pela análise das informações. Mas Westergren está confiante que pode conduzir a transformação da empresa.
"Precisamos de um evangelista", disse ele em entrevista. "Eu creio que os fundadores têm uma certa conexão com a companhia, está nos meus ossos."
A equipe de cientistas de dados da Pandora tem agora mais de 30 pessoas e a companhia tem sido capaz de aproveitar a afinidade comum entre matemática e música para recrutar talentos.
Um dos primeiros frutos do esforço em dados é o Thumbprint Radio, uma ferramenta lançada em dezembro que estuda músicas individuais que foram "curtidas" pelos usuários para criar estações personalizadas para eles. A equipe criou três algoritmos de recomendação para permitir o funcionamento do Thumbprint Radio.
A companhia também avalia a tolerância dos usuários a uma repetição de sua música favorita.
Mas mesmo a melhor tecnologia não é capaz de eliminar a principal dificuldade da Pandora: os royalties que tem que pagar a artistas e gravadoras.
Diferente de outros serviços de streaming, que negociaram acordos com gravadoras para permitirem que os usuários selecionem músicas, a Pandora atua mais como uma emissora de rádio, entregando faixas que se encaixam a um determinado gênero ou artista e impedindo que os usuários façam escolhas específicas.
Conforme o mercado de conteúdo sob demanda tem avançado, a Pandora está correndo atrás e negociado acordos com gravadoras para obter as licenças que precisa para oferecer um serviço semelhante.
Westergren rejeitou rumores de que a Pandora está considerando uma venda da companhia. Ele citou que a empresa recentemente comprou ativos da empresa de streaming Rdio para apoiar suas ofertas de conteúdo sob demanda, bem como a Ticketfly, que abre caminho para venda de ingressos para shows.
"Se você quer vender uma empresa, você não faz isso gastando meio bilhão em aquisições e contratando um novo presidente-executivo", disse ele.
(Por Julia Love)