LONDRES (Reuters) - A Telecom Italia está em negociação com a Vivendi para adquirir a operadora brasileira GVT e superar uma recente oferta feita pela rival espanhola Telefónica, disseram fontes próximas ao tema.
O plano, que pode ser finalizado nas próximas três semanas, prevê uma proposta da Telecom Italia pela operadora brasileira de TV paga e banda larga, seguida de uma troca de ações que permitiria à Vivendi adquirir uma fatia na maior operadora de telefonia italiana, disseram as fontes.
Os executivos da Telecom Italia estão trabalhando na transação com Citigroup, Mediobanca e Bradesco, afirmaram diversas fontes à Reuters.
A notícia vem à tona pouco depois de a Telefónica, maior acionista individual da Telecom Italia nos últimos seis anos, fazer uma oferta não solicitada de 6,7 bilhões de euros pela GVT no início desta semana.
A Telefónica está trabalhando com o JP Morgan no acordo, segundo as fontes.
A operadora espanhola também ofereceu à Vivendi a chance de adquirir uma fatia de 8,3 por cento na Telecom Italia, que detém 67 por cento da segunda maior operadora de celular do Brasil, a TIM Participações.
A Telecom Italia pretende ao menos alcançar o valor da oferta da Telefónica pela GVT com dinheiro e ações, provavelmente na Telecom Italia mas possivelmente na TIM, disse uma das fontes do setor bancário.
MEDIASET
A unidade de TV paga da Vivendi, Canal Plus, também está em negociações para a compra de uma fatia majoritária na rival italiana Mediaset Premium, uma subsidiária da Mediaset, disseram algumas das fontes. O negócio poderia em última análise ser incorporado pela Telecom Italia como convergência de telecom e serviços de mídia, disseram as fontes, apesar do acordo da Telefónica fechado no mês passado de comprar 11 por cento da Mediaset Premium por 100 milhões de euros.
O Deutsche Bank está assessorando a Vivendi na Mediaset Premium, enquanto o Barclays está trabalhando com a rival Al-Jazeera, do Qatar, disse uma das fontes.
O acordo com a Vivendi permitira à Telecom Italia a se libertar da Telefónica e fortalecer sua posição na América Latina.
A Telecom Italia aproximou-se da Vivendi para uma possível compra da GVT no passado, mas se retirou das conversas por questões de avaliação, disse uma fonte com conhecimento direto da situação.
O presidente do Conselho da Vivendi, Vincent Ballore, já é um dos investidores estrangeiros mais influentes da Itália graças a uma fatia de 9 por cento no Mediobanca, o banco de investimento mais conhecido da Itália.
O Mediobanca, que as fontes dizem estar assessorando a Telecom Italia no acordo de fusão, foi até recentemente um dos principais acionistas da Telecom Italia.
Mais cedo nesta quinta-feira, a Bloomberg informou que a Telecom Italia buscava uma aliança com a Vivendi que poderia fazer o grupo francês obter uma participação "significativa" na companhia em troca da GVT. A Telecom Italia também pode oferecer dinheiro ou emitir ações para financiar o acordo, disse.
A companhia italiana disse na quarta-feira que estava considerando todas as opções no Brasil.
Diversas pessoas próximas à situação disseram nesta quinta-feira que houve conversas entre o presidente-executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, e Bollore antes de a Telefónica realizar sua oferta pela GVT.
Procurados, Telecom Italia, Vivendi, Mediaset e os bancos se recusaram a comentar.
As ações da Telecom Italia subiram mais de 1 por cento, para 0,812 euro, nesta quinta-feira, tendo sido negociadas abaixo de 0,798 euro antes da notícia da Bloomberg. As ações da Vivendi inicialmente subiram com a notícia, mas depois caíram para fechar em queda de 0,9 por cento, para 19,285 euros, enquanto os papéis da Telefónica fecharam em queda de 1,4 por cento, para 11,63 euros.
(Por Francesco Canepa e Lionel Laurent em Londres, Maya Nikolaeva em Paris e Paola Arosio em Milão)