MILÃO (Reuters) - A Telecom Italia, maior companhia telefônica italiana, informou nesta quarta-feira que irá examinar suas opções estratégicas no Brasil, incluindo a possibilidade de uma aquisição que rivalizaria com a da Telefónica, seu maior investidor.
Na terça-feira, a espanhola Telefónica fez uma oferta de 20,1 bilhões de reais pela GVT no Brasil, unidade de banda larga da Vivendi. A empresa italiana, entretanto, não descartou a possibilidade de uma fusão da GVT com sua própria unidade no Brasil, a TIM Participações, para fortalecer sua presença no mercado de banda larga.
O Brasil representa quase um terço da receita da Telecom Italia e, apesar da desaceleração econômica recente, o mercado do país continua a ser seu principal motor de crescimento da receita enquanto a Itália se esforça para sair de uma longa recessão.
O presidente-executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, disse estar aberto para todas as opções para sua unidade brasileira, incluindo uma união com a GVT, mas alertou que a companhia altamente endividada não fará o que classificou como aquisições "malucas" no Brasil.
"Mantemos todas as opções em aberto, mas não estamos interessados em nada que possa ser irracional", disse Patuano, que está conduzindo uma revisão estratégica da venda de ativos e investimentos em inovação, em teleconferência com analistas nesta quarta-feira.
CONTRAOFERTA?
Se o grupo italiano decidir lançar uma contraoferta pela GVT, isso o forçaria a buscar um aumento de capital para financiar a medida.
Uma união entre TIM e GVT acentuaria a rivalidade da Telecom Italia com a Telefónica no Brasil ao criar um rival mais forte para a unidade local da Telefónica, a Vivo.
Por outro lado, se a oferta da Telefónica for bem sucedida, a TIM perderá uma opção estratégica importante, e sua posição seria enfraquecida, pois permaneceria como a única operadora de telefonia móvel no Brasil sem um negócio grande de banda larga.
Ainda é necessário esperar para ver se consolidações no setor ainda ocorreriam no Brasil. A Telefónica tem buscado orquestrar uma oferta conjunta pela TIM com outros participantes do mercado local, como a Claso, da América Móvil, e a Oi para se adequar a exigências regulatórias.
Patuano disse que a TIM Brasil é um ativo estratégico para o grupo, mas que consideraria vendê-lo se a Telecom Italia receber uma oferta a um preço elevado.
A Telefónica tem uma fatia de 14,8 por cento na Telecom Italia, mas recentemente tomou medidas para reduzir suas posses, sob pressão de reguladores antitruste, pois controla a Vivo, maior operadora de telefonia móvel no Brasil, assim como uma participação indireta na TIM.
Como parte de sua oferta pela GVT, a Telefónica deu à Vivendi a opção de tomar uma fatia de 8,3 por cento na Telecom Italia, abrindo o caminho para deixar o grupo italiano após sete anos.
Nesta quarta-feira, a Telecom Italia informou que seu lucro principal caiu 7,6 por cento, para 4,3 bilhões de euros, com a economia fraca em seu mercado doméstico e a desaceleração no Brasil pesando sobre as vendas.
(Por Danilo Masoni)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS PJ LB