Por Herbert Lash
(Reuters) - O valor de mercado de 47 bilhões de dólares da WeWork, que está na direção do que pode ser a segunda maior oferta inicial de ações do ano, só atrás do Uber (NYSE:UBER), virou motivo de inveja dos donos de imóveis e alvo dos céticos, numa época em que os aluguéis mal conseguem acompanhar a inflação.
Para a velha guarda do setor imobiliário, cujos preços das ações caíram nos últimos 5 anos, a WeWork - principal unidade da The We Company - é uma empresa que lidera a redução do espaço de trabalho com um modelo de negócios livre de propriedades.
Para seus questionadores, a WeWork é outro unicórnio não lucrativo que eles perguntam se tem a capacidade de florescer em algo que não seja uma economia forte.
É um debate que ganhará fôlego nos próximos meses, caso a The We Company faça um IPO.
A WeWork tem poucos imóveis, preferindo arrendar o espaço que outros possuem. Mas seu valor de mercado é mais do que o dobro dos 20,2 bilhões de dólares da Boston Properties. Um dos maiores desenvolvedores de edifícios de escritórios Classe A dos EUA, com 196 propriedades, a Boston Properties viu sua ação subir menos de 15% nos últimos cinco anos.
Estar amplamente livre de ativos físicos é um modelo que torna a WeWork mais valiosa do que empresas convencionais, disse Zach Aarons, co-fundador da MetaProp, empresa de capital de risco com foco em tecnologia imobiliária.
"Todo mundo quer obter o mesmo múltiplo que a WeWork tem", disse Aarons. "Todo dono de imóvel tradicional está dizendo: 'Como faço para que Wall Street me veja mais como o WeWork?'"
A WeWork apela para startups e a pessoas que consideram as locações tradicionais de escritórios proibitivos e ineficientes.
Mas o maior impacto da WeWork tem sido abalar o modelo de aluguel de longo prazo, permitindo contratos de apenas um ano e abrindo espaço de trabalho para profissionais individuais.
Seu valor de mercado embute a avaliação de que a economia digital reduziu a demanda por espaço de escritórios, tornando-a um mercado de locatários, apesar da atividade forte de aluguéis, estimulada pela taxa de desemprego nos EUA no piso de 50 anos.
O espaço flexível, ou o co-working, tem sido uma das poucas fontes de demanda crescente de escritórios e sua concentração em mercados de alta remuneração é quase o dobro de outros mercados, de acordo com a corretora Colliers.
Mas críticos apontam para prejuízos persistentes e para o risco de depender da receita dos contratos de curto prazo de seus arrendatários para cobrir seus próprios arrendamentos com proprietários que podem durar 10 anos ou mais.
A WeWork se recusou a comentar.