Por Luciana Bruno
SÃO PAULO (Reuters) - A Vivo, da Telefônica Brasil, pode ser a operadora menos interessada em uma eventual consolidação do setor de telecomunicações no Brasil, disse nesta quarta-feira o presidente interino da companhia, Alberto Horcajo.
"Talvez a Vivo seja a operadora que tenha menos interesse em uma consolidação. Nós estamos capturando uma parte desproporcional da receita nova que esse mercado está gerando", disse Horcajo em teleconferência com jornalistas ao ser questionado sobre eventuais novas fusões e aquisições no setor após a conclusão da compra da GVT.
"Nosso posicionamento está cada vez mais forte. E aí, se nós conseguimos fidelizar os nossos clientes e ganhar novos clientes, qual seria o senso de colocarmos dinheiro para comprar a base de clientes de alguém que talvez não tenha as mesmas qualidades que a Vivo tem?", questionou.
Apesar disso, o executivo não descartou a possibilidade de "mudanças" no setor, mas evitou detalhá-las. "O mercado já tem penetração muito alta, e todos nós temos aspiração de capturar uma parte maior da receita que esse mercado representa", disse. "Sem dúvida terá mudanças, mas isso acontece em todas as indústrias", completou.
Analistas de mercado vêm trabalhando há meses com a possibilidade de uma consolidação da indústria de telecomunicações, especialmente depois da Oi ter anunciado no ano passado sua intenção de realizar uma oferta pela TIM. Vivo e Claro, da América Móvil, foram apontadas como possíveis parceiros da empreitada.
Recentemente, porém, essas conversas "esfriaram", segundo disse à Reuters no início de maio uma fonte do governo federal. Além disso, na segunda-feira, o próprio presidente da Oi, Bayard Gontijo, disse à Reuters que estava adotando uma estratégia "mais paciente" em relação a grandes acordos e que não podia dizer se a consolidação vai ocorrer "em 2015, 2016 ou 2017".
DEVEDORES DUVIDOSOS
Sobre os resultados do primeiro trimestre, Horcajo disse que o aumento de 56 por cento das provisões da empresa relacionadas a devedores duvidosos (PDD), a 324,4 milhões de reais, ocorreu devido à atual situação econômica do país.
"Foi deterioração da base de clientes refletindo a situação econômica", disse o executivo durante teleconferência mais cedo com analistas. Ele completou que a companhia está tomando medidas para reverter esse quadro, sendo algumas iniciativas comerciais e outras financeiras.
A Telefônica Brasil informou nesta quarta-feira que teve queda de 12,3 por cento em seu lucro líquido no primeiro trimestre, devido ao avanço das despesas financeiras com o aumento da taxa de juros.