Por Nandita Bose
CHICAGO (Reuters) - A varejista online Walmart.com, que está atrás da Amazon.com Inc (NASDAQ:AMZN) em número de produtos vendidos em seu site, está recrutando fornecedores na China e outros países para impulsionar suas ofertas online, se afastando da campanha do grupo Wal-Mart para privilegiar produtos fabricados nos EUA.
Embora haja um incentivo financeiro por trás do movimento, a decisão do Wal-Mart vem por necessidade: nem todos os produtos que seus clientes desejam - desde jeans a bicicletas e até produtos de beleza - são fabricados nos Estados Unidos.
Essa realidade colocou o Wal-Mart em oposição ao empenho do presidente Donald Trump de incentivar produtos "Made in America."
A empresa também corre o risco de se indispor com alguns atuais fornecedores nos EUA, uma vez que a política vai contra a promessa feita pela varejista em 2013 de vender produtos fabricados no país, em uma tentativa de conquistar clientes e satisfazer os sindicatos e outros críticos, que disseram que sua buscas por bens de baixo valor estava prejudicando os empregos dos norte-americanos.
De acordo com duas fontes com conhecimento do assunto, a Wal-Mart Stores Inc (NYSE:WMT) em fevereiro começou a convidar vendedores da China, Reino Unido e Canadá a listar produtos na seção marketplace do Walmart.com, onde ganha uma parte da receita dos bens vendidos e entregues aos clientes por fornecedores terceirizados.
Anteriormente, a empresa somente permitia vendedores baseados nos EUA na plataforma, disseram fontes.
Ao classificar o movimento não declarado de "abordagem calculada", o vice-presidente para serviços parceiros do Wal-Mart, Michael Trembley, confirmou o programa, que envolve apenas fornecedores convidados. Ele disse que os vendedores estrangeiros atualmente representam menos de 5 por cento da base de fornecedores.
Trembley disse que o movimento do Wal-Mart está focado em atender a demanda dos clientes por diferentes tipos de produtos e aumentar a variedade online. O Wal-Mart quintuplicou a sua lista de produtos a venda online para 50 milhões de itens. O número contrasta com os quase 300 milhões de produtos oferecidos pela Amazon online, disseram analistas.
Reduzir essa lacuna é a chave para a estratégia da Wal-Mart de superar a Amazon. Lançado em 2009, a plataforma online de venda de produtos de terceiros contribui com mais de 10 por cento para a receita de comércio eletrônico do Wal-Mart, mas faz pouca diferença para as vendas totais de quase 486 bilhões de dólares, de acordo com dados da empresa de análise de comércio eletrônico Marketplace Pulse. Os dados não podem ser verificados independentemente pela Reuters.
O mercado de produtos de terceiros na Amazon, que também usa fornecedores globais de países como a China, contribui para quase metade das vendas de varejo da Amazon, disseram analistas.
A mudança traz riscos além do impacto nas vendas da Wal-Mart. Trump lançou a semana do "Made in America" no início deste mês, quando prometeu tomar mais medidas legais e regulamentares nos próximos seis meses para proteger os fabricantes norte-americanos, atacando acordos comerciais que ele disse prejudicarem empresas dos EUA.