SÃO PAULO (Reuters) - O portal Webmotors vai começar a atuar em nichos de mercado além do negócio principal de compra e venda de veículos, num esforço para manter o ritmo de crescimento diante de transformações na mobilidade urbana, especialmente nas grandes metrópoles do país.
Além de iniciativas lançadas nos últimos meses para tentar ampliar receitas com transações feitas por meio da plataforma, como uma solução de pagamento específica para compra de carros e um mecanismo para ajudar lojistas a aumentar a taxa de conversão de vendas, a empresa avalia parcerias que podem envolver empresas tão distintas quanto locadoras de veículos e aplicativos de transportes, como Uber e 99.
"O mercado de transporte está se transformando e temos oportunidade de ganhar com isso, em vez de perder", disse à Reuters a presidente do Webmotors, Claudia Woods.
Criado em 1995, nos primórdios da internet no país, o portal foi comprado em 2002 pelo Santander Brasil (SA:SANB11), que ainda detém 70 por negócio. O restante é do grupo australiano de tecnologia Carsales. Por meio do site passam cerca de 450 mil anúncios de vendas de veículos por mês.
Em parte beneficiando-se de uma recuperação do setor automotivo brasileiro, cujas vendas voltaram a crescer em 2017 após quatro anos seguidos de forte queda, a Webmotors tem visto sua receita deste ano crescer no ritmo de 40 por cento.
De acordo com Claudia, há iniciativas em curso para aprofundar a participação nas transações das quais já participa. Uma das frentes nesse sentido é o Autopago, sistema online especializado no pagamento da compra de veículos, com custo de 1,5 por cento do valor da transação. A meta é de que 60 por cento das vendas entre pessoas físicas sejam por meio do Autopago em três anos.
Em outra frente, lançou neste ano o Cockpit, um serviço de inteligência artificial para ajudar lojistas a aumentar a conversão de vendas, incluindo a oferta de financiamento pelo Santander Brasil. E anexou recentemente um serviço de marketing para compra e venda de carros usados.
Egressa de empresas do ambiente virtual, incluindo o WalMart.com, a executiva avalia que esse conjunto deve ajudar a Webmotors a manter o ritmo de expansão das receitas nos próximos cinco anos.
Simultaneamente, no entanto, a empresa vem estudando parcerias que podem levá-la a operar com serviços como leasing e aluguel de veículos ou mesmo parcerias com aplicativos de transportes para oferta conjunta de serviços de locomoção em grandes centros.
"Tem muitas opções em estudo, estamos atentos", disse Claudia, que assumiu o comando da Webmotors em maio, após liderar o braço digital do Banco Original.
As declarações da executiva vêm na esteira da forte movimentação da indústria de transportes de pessoas no mundo inteiro, com parcerias de montadoras de veículos e aplicativos como o Uber para tentarem se aproveitar das mudanças culturais que fazem especialistas preverem a queda das vendas de carros nos próximos anos.
(Por Aluísio Alves)